por Jorge Bateira [*]
A Comissão Europeia decidiu flexibilizar as regras orçamentais para que os Estados-membros possam gastar mais (aumentar os défices que, por efeito da recessão, serão de qualquer modo maiores), e foi buscar aos restos dos fundos comunitários algum financiamento para investimento. Com muitos outros economistas, entendo que não é a intervenção, em escala e qualidade, que esta crise exige.
Antes de mais, é preciso dizer que política monetária é ineficaz para esta crise, tal como já o foi para retirar a zona euro do marasmo da crise financeira anterior. O foco da política não pode ser nas empresas (custos, financiamento); tem de ser na procura que as sustenta. E de nada serve sustentar temporariamente empresas que já estavam mal a pretexto de evitar o desemprego. O foco tem de ser na criação de emprego através de um Serviço Nacional de Emprego que identifique as necessidades dos territórios e financie (com salário digno e descontos para a SS) os postos de trabalho que vão acolher os desempregados.
O que os Estados-membros vão fazer é gastar o dinheiro apressadamente em obras que vão ser adjudicadas de forma duvidosa (para ser rápido, como na Parque Escolar com Sócrates) e cujos orçamentos vão ser empolados e gerar lucros que não estimulam o consumo e o emprego. Noutro dia falarei sobre o que deve ser uma política de pleno emprego verdadeiramente Keynesiana, bem diferente de gastar dinheiro apressadamente.
O gráfico mostra a interdependência entre a crise da oferta que estamos a viver e a crise da procura que dela decorre. Mostra como esta última vai agravar a primeira, gerando-se um círculo vicioso que, para ser rompido, exige uma intervenção forte, em larga escala, direccionada para o emprego porque é aí que está a procura que sustenta as empresas no mercado interno.
Para não sobrecarregar a figura, a vertente externa não foi considerada. Se a pandemia tiver proporções dramáticas nos EUA, e se a estratégia da Rússia de rebentar com a indústria do petróleo de xisto, fazendo baixar os preços, tudo isso vier a produzir uma grave crise nesse país, então haverá repercussões importantes sobre a Europa, com efeitos negativos sobre as nossas exportações que agravarão os efeitos da crise do vírus.
As intervenções previstas pela CE e Estados-membros terão seguramente algum efeito amortecedor mas, a meu ver, vão ficar muito aquém do que é necessário e não serão dirigidas à fonte da procura, os trabalhadores. Ainda por cima, há uma herança muito negativa da crise financeira e da intervenção desastrosa da troika.
Nota: nem todas as setas significam agravamento da crise; as relacionadas com a baixa do preço dos combustíveis e com a intervenção da CE, são factores de atenuação da crise.
Antes de mais, é preciso dizer que política monetária é ineficaz para esta crise, tal como já o foi para retirar a zona euro do marasmo da crise financeira anterior. O foco da política não pode ser nas empresas (custos, financiamento); tem de ser na procura que as sustenta. E de nada serve sustentar temporariamente empresas que já estavam mal a pretexto de evitar o desemprego. O foco tem de ser na criação de emprego através de um Serviço Nacional de Emprego que identifique as necessidades dos territórios e financie (com salário digno e descontos para a SS) os postos de trabalho que vão acolher os desempregados.
O que os Estados-membros vão fazer é gastar o dinheiro apressadamente em obras que vão ser adjudicadas de forma duvidosa (para ser rápido, como na Parque Escolar com Sócrates) e cujos orçamentos vão ser empolados e gerar lucros que não estimulam o consumo e o emprego. Noutro dia falarei sobre o que deve ser uma política de pleno emprego verdadeiramente Keynesiana, bem diferente de gastar dinheiro apressadamente.
O gráfico mostra a interdependência entre a crise da oferta que estamos a viver e a crise da procura que dela decorre. Mostra como esta última vai agravar a primeira, gerando-se um círculo vicioso que, para ser rompido, exige uma intervenção forte, em larga escala, direccionada para o emprego porque é aí que está a procura que sustenta as empresas no mercado interno.
Para não sobrecarregar a figura, a vertente externa não foi considerada. Se a pandemia tiver proporções dramáticas nos EUA, e se a estratégia da Rússia de rebentar com a indústria do petróleo de xisto, fazendo baixar os preços, tudo isso vier a produzir uma grave crise nesse país, então haverá repercussões importantes sobre a Europa, com efeitos negativos sobre as nossas exportações que agravarão os efeitos da crise do vírus.
As intervenções previstas pela CE e Estados-membros terão seguramente algum efeito amortecedor mas, a meu ver, vão ficar muito aquém do que é necessário e não serão dirigidas à fonte da procura, os trabalhadores. Ainda por cima, há uma herança muito negativa da crise financeira e da intervenção desastrosa da troika.
Nota: nem todas as setas significam agravamento da crise; as relacionadas com a baixa do preço dos combustíveis e com a intervenção da CE, são factores de atenuação da crise.
11/Março/2020
[*] Economista
O original encontra-se em
ladroesdebicicletas.blogspot.com/2020/03/crise-de-oferta-crise-de-procura-e.html
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .
https://resistir.info/crise/bateira_11mar20.html
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