Manifestação contra reformas trabalhistas e cortes de gastos interrompe voos e serviços
Os sindicatos estimaram nesta quinta-feira em 85% a adesão nas primeiras 9h de greve, percentual que recuará para 75% uma vez incorporados os dados da administração, da educação, saúde e do comércio.
Por sua vez, o Governo garante que a greve está tendo pouca incidência a julgar pelos dados de consumo de eletricidade e o funcionamento com normalidade das administrações públicas, dos shoppings e dos bancos.
"A normalidade nos centros de trabalho espanhóis é elevada", resumiu a diretora-geral de Política Interna, Cristina Díaz.
A greve de 24 horas, convocada pelos sindicatos majoritários Comissões Operárias (CCOO) e a União Geral de Trabalhadores (UGT), coincide com os primeiros cem dias do Executivo de Mariano Rajoy, que apresentará nesta sexta-feira orçamentos com drásticos cortes para cumprir com o objetivo de déficit de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Enquanto isso, o Governo acredita que o impacto da greve é "claramente inferior" ao da paralisação convocada em setembro de 2010 contra a reforma trabalhista aprovada pelo então Executivo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, os sindicatos consideram que é superior.
A participação durante o turno de noite superou "amplamente" os 90% nos setores de recolhimento de lixo, limpeza diária e indústria, segundo os sindicatos, que criticaram o forte aparato policial em algumas cidades.
Na educação, 70% dos empregados aderiram à greve, conforme os sindicatos, que também protestam contra os "cortes" na educação.
Durante o dia, foram contabilizadas nove pessoas levemente feridas, seis são agentes, e 58 detidos.
A normalidade está sendo a tônica dominante tanto nos hospitais públicos de Madri quanto nas cafeterias e bares de todo o país.
Os sindicatos patronais CEOE e CEPYME garantiram que a adesão depende dos setores e das regiões, e que é mais pronunciado na indústria e no norte da Espanha.
As associações de trabalhadores autônomos afirmaram que apenas 17% dos negócios aderiram à greve.
No setor aéreo, até as 4h15 (de Brasília) tinham operado 246 voos nos aeroportos espanhóis, conforme o gerente aeroportuário Aena.
Com a convocação da greve, a oitava da democracia na Espanha, os sindicatos protestam contra a nova legislação trabalhista aprovada em fevereiro pelo Governo do conservador do Partido Popular (PP), reivindicada pela patronal espanhola e organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os sindicatos acreditam que a reforma - uma das primeiras medidas aprovadas pelo Governo de Rajoy - danifica os direitos dos trabalhadores, barateia a demissão e não servirá para criar novos empregos em um país que tem 5,2 milhões de desempregados, 23% da população ativa, com a economia entrando em recessão.
O Executivo argumenta, no entanto, que o alto desemprego é a razão principal pela qual é necessária a reforma, que tem o objetivo de flexibilizar o mercado de trabalho.
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