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As tropas governamentais continuam a combater
os rebeldes em várias regiões do país. A recuperação de Homs foi a sua
mais recente vitória. Esta é a terceira maior cidade síria. Ela está
agora praticamente toda sob o controle dos militares de Assad.
Dentro
de dois-três dias, a cidade deverá ser totalmente “limpa” de rebeldes,
informam as autoridades sírias, considerando esta conquista um momento
de viragem com influência em toda a futura contraposição com os
rebeldes.
Georgui Mirsky, especialista em questões do Oriente Médio, comenta a situação:
“Homs
é de fato uma cidade importante. Durante dois anos, as tropas do
governo não a conseguiram tomar. Estamos realmente perante um caso
único! Durante dois anos, todo um Exército bem armado não conseguiu
conquistar uma cidade que era defendida, segundo palavras de Bashar
Assad, por um simples punhado de terroristas, bandidos e delinquentes!”
Na
opinião de Mirsky, a vitória em Homs, tal como outras campanhas
bem-sucedidas do Exército, tem a ver com a entrada do Hezbollah nos
combates ao lado de Assad. A guerra na Síria adquire cada vez mais
traços de guerra religiosa, ou seja, ela se está transformando num
confronto entre sunitas e xiitas.
Por isso, o grupo libanês Hezbollah, constituída por xiitas, considerou como seu dever apoiar o seu irmão
Bashar Assad. O resultado foi toda uma série de vitórias militares das
tropas governamentais sírias, incluindo a tomada da cidade de Quneitra,
conforme explica Evgueni Satanovsky, presidente do Instituto do Oriente
Médio.
“As tropas governamentais estão vencendo, em
primeiro lugar, devido ao fato de disporem de aviação e blindados. Em
segundo lugar, por terem agora mais homens, à custa dos combatentes do
Hezbollah, que as vieram ajudar. Trata-se de cerca de oito mil homens,
que estão combatendo do lado de Assad. Acontece que, até agora, o
Exército tratava exclusivamente de defender os edifícios do Estado, as
bases aéreas e as infraestruturas aeronáuticas. Mas quando há um número
suficiente de soldados para poder entrar em ofensiva, passa-se à
ofensiva”.
Mesmo assim, é ainda prematuro dizer que a
vitória das forças de Bashar Assad é um dado adquirido. Por enquanto, a
oposição armada tem tido apenas a ajuda das monarquias do Golfo Pérsico.
No entanto, os EUA poderão em breve passar a apoiá-la.
Existe
apenas uma pequena dúvida. Os americanos receiam com razão que as armas
que eles estão prontos a entregar aos rebeldes vão parar às mãos de
extremistas islâmicos e não de opositores moderados. Acontece que quem
domina atualmente a oposição síria são os radicais da Jabhat al-Nusra e
não os representantes do Exército Livre Sírio. Chega-se até a uma
situação em que alguns opositores de ontem de Assad acabam por depor as
armas, considerando que é melhor o país ser governado por Assad do que
por sanguinários de estruturas ligadas à Al-Qaeda.
Tudo
isto pode obrigar os EUA a abandonar a ideia de fornecer mísseis
portáteis à Síria. Para além disso, conforme sublinhou Evgueni
Satanovsky, os americanos estão habituados a apoiar os vencedores e, se
as tropas de Assad continuarem a combater com sucesso os rebeldes, os
EUA não irão entrar numa guerra perdida à partida.
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