terça-feira, 2 de julho de 2013

Pesquisa: O mundo islâmico quer viver à sua maneira 02/07/2013


islã

Durante séculos, o Ocidente chegava ao Oriente com intenções simples e claras: conquistar novas colônias e novos mercados. Como resultado, os conquistadores obtinham recursos naturais baratos e força de trabalho, o que os compensava pelos custos das suas campanhas militares. Desde os finais do século passado, a situação se alterou. Os contingentes militares regressam a países que já são independentes para alterar aquilo que não corresponde aos seus conceitos de mundo moderno: os regimes ditatoriais, a ausência de democracia, as violações dos direitos humanos e o terrorismo internacional.

A intenção é louvável. Mas os resultados práticos de todas as "guerras humanitárias" são decepcionantes. Para a manutenção das tropas se gastam somas colossais dos orçamentos dos países-benfeitores e as operações de pacificação dos descontentes demoram anos. As autoridades e a população dos países são ensinadas a viver de maneira diferente. Também aqui à sua custa. Mas tropas partem e volta a se estabelecer o modo de vida habitual com os seus métodos de governação autoritários e uma ativa continuação dos conflitos armados religiosos e étnicos. Talvez o problema não sejam os malfeitores individuais, mas as particularidades da consciência coletiva?
Este ano, o Pew Research Center norte-americano realizou uma pesquisa, em mais de 80 línguas, de mais de 38 mil muçulmanos de 23 países da Europa, da Ásia, do Oriente Médio e de África. Como entendem o mundo circundante os cidadãos do Oriente muçulmano e como eles se reveem nele?
O problema principal é o terrorismo. Tal como em todo o mundo, no Oriente não gostam de explosões e tiroteios nas ruas. Pelo menos metade dos muçulmanos inquiridos está preocupada com as atividades dos grupos extremistas religiosos nos seus países. Mais de dois terços da população têm medo disso no Egito (67%), na Tunísia (67%), no Iraque (68%), na Guiné-Bissau (72%) e na Indonésia (78%).
Os atos de violência contra a população civil as ações dos bombistas-suicidas só são apoiados por 1% dos muçulmanos inquiridos. Contudo, no Egito e na Autonomia Palestina, por exemplo, uma parte considerável da população (29 e 40%, respetivamente) considera que por vezes eles são justificáveis. Já no Afeganistão esse ponto de vista é apoiado por 39% dos inquiridos. Apesar de neste país, durante décadas, cidadãos inocentes estarem a morrer às mãos dos terroristas. Porque será que um terço da população justifica essa matança inútil?
Ainda há mais. Tem sido considerado, tradicionalmente, que as mulheres do Oriente querem muito, mas não conseguem, se liberar do poder dos homens. Afinal não é assim. Nalguns países muçulmanos nove em cada dez homens e mulheres inquiridos aprovam a disposição de que a mulher deve sempre obedecer ao marido. Isso é assim em Marrocos (92%), na Tunísia (93%), na Indonésia (93%) e na Malásia (96%). Hoje no Iraque 92% dos homens e das mulheres são contra a igualdade, no Afeganistão são 94%. Além disso, o Iraque e o Afeganistão são os únicos países em que a maioria da população aprova as execuções extrajudiciais de mulheres apenas suspeitas de terem tido relações extraconjugais. Depois de décadas de “humanização das consciências”, no Afeganistão 85% dos muçulmanos que apoiam a sharia continuam a considerar que os amantes devem ser mortos por lapidação. No Iraque 58% pensam o mesmo.
A maioria dos inquiridos no Afeganistão e no Iraque (81 e 56%, respetivamente) se pronuncia pelo castigo com chicotadas e pela amputação das mãos aos ladrões e assaltantes. Na realidade, 99% da população do Afeganistão pensa que é melhor regressar do humanismo europeu de volta às leis severas da sharia.
A favor de a sharia se tornar "na legislação oficial do país" se pronuncia também a maioria dos muçulmanos da Nigéria (71%), da Indonésia (72%), do Egito (74%), do Paquistão (84%) e da Autonomia Palestina (89%). Em Marrocos e no Paquistão, onde o Islã, de acordo com as suas constituições, já está acima das outras religiões, os muçulmanos (83 e 84%, respetivamente) querem ainda mais: a introdução da sharia como código de leis.
 
  http://portuguese.ruvr.ru/news/2013_07_01/o-mundo-islamico-quer-viver-a-sua-maneira-1935/

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