Do O Globo
RIO - A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deve atrair entre 1,7
milhão e 2 milhões de pessoas ao Brasil, disse nesta quarta-feira o
secretário nacional interino de Políticas de Turismo do Ministério do
Turismo, Sandro Fernandes.
— Isso, por si só, deve trazer impacto para o país de mais ou menos R$ 1,2 bilhão na economia — acrescentou.
Somente em despesas diretas com hospedagem e alimentação, a
estimativa é atingir R$ 660 milhões. O gasto médio por turista,
incluindo hospedagem, transporte e alimentação, deverá ficar em torno de
R$ 305 por dia, informou o secretário. A expectativa serve tanto para
turistas estrangeiros, como nacionais.
Fernandes não tem dúvidas que a JMJ vai atrair mais turistas
estrangeiros do que a Copa das Confederações, que ocorreu no Brasil, no
mês passado. “Do Cone Sul, deve vir uma quantidade muito grande de
peregrinos”.
A previsão do Ministério do Turismo é que somente da América do Sul,
em especial do Chile, Peru e da Argentina, devem vir muitos peregrinos
de ônibus. “Somente do Chile, deve vir cerca de mil ônibus”, informou o
secretário interino.
A entrada dos peregrinos na cidade do Rio de Janeiro deverá se
intensificar a partir do próximo fim de semana. “O grande evento para os
peregrinos é a chegada do papa [Francisco], no dia 22. Só no desfile do
papa, em Copacabana, o Ministério do Turismo calcula a possibilidade de
1 milhão de pessoas. Também na missa que vai haver em Guaratiba, nós
estimamos 1 milhão de pessoas”.
Até o momento, Sandro Fernandes disse que estão inscritas como
peregrinos 312 mil pessoas, das quais 40% são estrangeiros. Mais 60 mil
pessoas estão inscritas como voluntários do evento, das quais 10% são
estrangeiros.
A jornada coincidiu com o mês em que normalmente o Brasil recebe um
fluxo maior de turistas em razão da alta temporada. Considerando o
evento em si, o secretário interino comentou que deve haver um aumento
razoável de turistas entre 500 mil e 1 milhão de pessoas, em relação a
um evento normal nesta época do ano.
Vários destinos brasileiros estão consolidados como potencial
turístico religioso no Brasil. Os mais citados, segundo o secretário,
são Belém do Pará, em função do Círio de Nazaré, considerado uma das
maiores festas religiosas do mundo; as Missões, no Rio Grande do Sul;
Juazeiro do Norte, no Ceará, que recebe em torno de 2 milhões de devotos
por ano; Aparecida, em São Paulo, tida como a capital das romarias e
maior destino turístico religioso do país atualmente; e Nova Trento, em
Santa Catarina, que “ainda está engatinhando, mas já recebe cerca de 20
mil a 25 mil peregrinos por mês”.
Fernandes disse que Salvador, na Bahia, também é uma cidade muito
procurada por turistas religiosos, não só em função da diversidade
religiosa que apresenta, mas também por ser a cidade que tem a maior
quantidade de templos católicos do mundo. Ele acredita que, com a
provável canonização de Irmã Dulce, “isso, sem dúvida, vai alavancar
muito o turismo religioso no Nordeste”.
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, nasceu em
Salvador, em 1914, e morreu em 1992. A religiosa católica brasileira
ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos
pobres e necessitados. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, em 1988. Em
2011, foi beatificada pelo enviado especial do papa Bento XVI, dom
Geraldo Majella Agnelo, em Salvador. A beatificação é o último passo
antes da canonização. Caso isso se efetive, Irmã Dulce pode se tornar a
primeira santa católica nascida no Brasil.
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