Desafiando as sanções anunciadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta segunda-feira (17/03) um decreto reconhecendo a região da Crimeia como um “Estado soberano e independente”. No início de domingo (16), a população da então república autônoma na Ucrânia votou a favor da anexação do território à Rússia.
"Levando em conta a expressão da vontade do povo crimeano no referendo realizado em 16 de março de 2014, [decreto] reconhecer a República da Crimeia, na qual a cidade de Sebastopol tem um status especial, como um Estado independente e soberano. Este decreto entra em vigor hoje", diz o texto assinado por Putin, que abre caminho para a anexação.
A própria Crimeia enviou um documento à ONU (Organização das Nações Unidas) pedindo seu reconhecimento como um Estado soberano. “A República da Crimeia deseja construir suas relações com outros Estados na base da igualdade, paz, cooperação mútua e outros princípios geralmente acordados de cooperação política, econômica e cultural entre Estados”, escreveu o parlamento.
Agência Efe
O presidente russo, Vladimir Putin, afirma que seu país respeitará a vontade da população da Crimeia
Putin já havia dito ao presidente norte-americano, Barack Obama, que considerava o referendo legítimo e que seu país respeitaria a “vontade da população da Crimeia”.
Para Obama, entretanto, o referendo foi “uma clara violação” da Constituição da Ucrânia e do direito internacional e “não será reconhecido pela comunidade internacional”. "Vamos continuar deixando claro à Rússia que mais provocações não conseguirão nada, exceto isolar ainda mais" Moscou, ressaltou.
Sanções
Após a votação que decidiu pela incorporação da Crimeia à Rússia, Estados Unidos e União Europeia anunciaram hoje sanções contra Moscou – como haviam alertado que fariam antes do referendo.
As punições são compostas por congelamento de bens e restrição de visto a pessoas consideradas responsáveis pela instabilidade na região. Analistas afirmam que as sanções norte-americanas contra os russos são as mais severas desde o final da Guerra Fria.
Em Bruxelas, os 28 membros da UE aplicaram sanções contra 13 russos e oito ucranianos. Os nomes, publicados no Diário Oficial da UE, incluem, do lado da Ucrânia, o primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksyonov e o chefe e o vice-presidente do parlamento da república autônoma, Vladimir Konstantínov e Sergei Tsékov, respectivamente.
Agência Efe
População da Crimeia pró-Rússia comemora a vitória da anexação no referendo
No âmbito militar, estão na lista o comandante-em-chefe da Marinha de Guerra da Ucrânia, contra-almirante Denis Berezovsky, que jurou fidelidade ao povo da Crimeia, e o novo chefe do Serviço de Segurança da Crimeia, Piotr Anatoliovich, por ter passado informação à Rússia.
Já os russos listados incluem, além do chefe da Frota do Mar Negro, dois comandantes militares que enviaram tropas à Ucrânia; o encarregado de assuntos com membros da pós-soviética Comunidade dos Estados Independentes na Duma, Leonid Slutski; o vice-presidente dessa câmara, Sergei Zheleznyak, e o primeiro vice-presidente da Comissão de Assuntos Parlamentares, Oleg Panteliev.
No Senado foram afetados o vice-presidente do Conselho da Federação, Evgeni Bushmin, e vários membros de comissões parlamentares de Defesa e Segurança, Assuntos Internacionais, Direito Constitucional e de Cultura, Ciência e Informação, entre outros. A lista pode aumentar na reunião de cúpula do bloco nos próximos dias 20 e 21 de março.
Por sua vez, Obama emitiu uma ordem executiva contra sete funcionários do governo russo e quatro ucranianos – entre eles, o presidente deposto do país, Viktor Yanukovitch. Na lista de autoridades russas punidas, estão Vladislav Surkov e Sergei Glaziev, assessores do presidente Vladimir Putin, a presidente do Conselho da Federação (Senado), Valentina Matvienko, e o vice-primeiro-ministro Dmitry Rogozin. Nenhuma sanção foi imposta a Putin, em particular.
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