A Petrobrás encomendou no último ano 33 sondas de perfuração para águas ultraprofundas a serem produzidas no Brasil. Serão as primeiras em solo nacional, incluindo as seis do Jurong Aracruz. Fomentados pelo governo, que usa as encomendas para revitalizar a indústria naval brasileira, os contratos injetarão US$ 95 bilhões no setor.
A estatal afirma que os preços são comparáveis aos que seriam cobrados no exterior. O risco, neste caso, são os atrasos nos megaequipamentos necessários para explorar o pré-sal, uma área equivalente à do Estado do Ceará, cujo petróleo está a mais de 2 quilômetros de profundidade.
Oito estaleiros ficarão responsáveis pela construção e montagem, porém mais da metade do parque ainda está em construção. Apenas Keppel, Mauá e Eisa estão prontos, enquanto Jurong, Atlântico Sul, Paraguaçu, Rio Grande e Eisa Alagoas estão apenas parcialmente construídos ou ainda no chão. As sondas precisam ser entregues a partir de junho de 2015 até 2020.
São 48 meses após a assinatura do primeiro contrato. Em média, uma nova sonda é entregue a cada oito meses e os contratos contemplam afretamento por até 15 anos. "O risco de atraso está nas primeiras, e não nas últimas, pois o estaleiro vai repetir a construção, e há uma curva de aprendizado", disse o presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, no anúncio do negócio. A empresa de investimentos, da qual a Petrobrás detém 10% ao lado de bancos e fundos, é responsável por 28 das 33 sondas. As outras 5 estão com a concorrente Ocean Rig. Nenhuma será da Petrobrás, pois serão afretadas à estatal.
Membro do Fundo Nacional de Marinha Mercante, o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante, Severino Almeida, diz ter confiança absoluta de que a indústria nacional tem capacidade de atender as encomendas. "Em um estaleiro, 90% do trabalho é de montagem." Porém, Almeida diz que atraso no setor é regra no Brasil e não deve ser diferente agora. "Em 33 anos, nunca vi um prazo neste setor ser cumprido."
O caso mais conhecido de estaleiro virtual no Brasil é o Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE), onde a Petrobrás enfrenta problemas sérios de atrasos. O navio João Candido deveria ter sido entregue à Transpetro, subsidiária da Petrobrás, em agosto de 2010, mas apresenta problemas com solda e nivelamento. O EAS informou esta semana que a embarcação passa por testes, mas não deu prazo para a entrada em operação.
Sete sondas foram encomendadas pela Petrobrás ao estaleiro em 2011, para entrega a partir de 2015. Questionado sobre o cronograma, o EAS disse que "reavalia os prazos no sentido de atender o mais rapidamente possível às encomendas".
O Estado de S. Paulo
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