Do jornal Público, de Portugal
Croácia celebra entrada na União Europeia sem Angela Merkel
Berlim alegou problemas de agenda e a chanceler alemã faltou à festa
em Zagreb para comemorar a chegada do 28.º membro da União Europeia. A
imprensa croata viu-o como "uma bofetada diplomática". Mais de 20 anos
depois da guerra na antiga Jugoslávia, os enviados especiais do PÚBLICO,
Joana Gorjão Henriques e Nelson Garrido mostram que país é este.
É na pior crise da União Europeia que a Croácia, o 28º Estado membro
da UE, entra num “clube” do qual alguns estão a querer sair. A Croácia é
o segundo país da ex-Jugoslávia a entrar na UE depois da Eslovénia em
2004, mas o primeiro grande protagonista da guerra de independência a
fazê-lo. As suas fronteiras abrem-se para os 27, mas fecham-se para
outros países com quem partilhou o conflito nos Balcãs entre 1991 e
1995.
“Isto mudará a vida desta nação para melhor. Dou-vos as boas-vindas de coração aberto”, disse, por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, à multidão, citado pela Reuters.
Para o evento foram chamados mais de 700 artistas que passaram por três palcos distintos, entre cantores, músicos e bailarinos. Em várias cidades do país repetiram-se vários festejos, ainda que com menor dimensão.
À meia-noite, como estava previsto, num gesto simbólico, foi retirado o sinal que separava a Eslovénia da Croácia, ao mesmo tempo que se ergueu a placa "UE" na fronteira com a Sérvia. Um passo que foi celebrado com entusiasmo, apesar dos dados que revelam também algum cepticismo: num referendo em 2012, 66,2% dos croatas votaram a favor da adesão, mas em Abril as eleições de deputados europeus levou às urnas só 20,8%.
Contudo, em termos políticos o processo de preparação para a entrada da Croácia na UE foi longo: foram cerca de dez anos e implicou a adopção de novas molduras legais, de medidas para fortalecer a democracia, da cooperação com o Tribunal Penal Internacional de Haia por causa dos crimes da guerra ou da aplicação de fundos em projectos de desenvolvimento humano. Por isso, na rua, muitos dos 4,3 milhões de croatas dizem que, de certa maneira, já se sentiam parte da UE. “A 1 de Julho não vamos acordar noutro país”, diz ao PÚBLICO a escritora Slavenka Drakulic.
No domingo, a segurança foi reforçada em Zagreb devido à presença de mais de 100 representantes internacionais nas celebrações, entre eles 15 chefes de Estado e 13 primeiro-ministros e os presidentes da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
A Croácia que chega à UE fá-lo depois de quatro anos de recessão económica, segundo o Banco Mundial, em que metade do seu comércio é feito com uma UE também em crise, e com uma taxa de desemprego nos 20% e de mais de 50% nos jovens. Sofre de uma dívida pública alta e de altos níveis de percepção de corrupção (segundo a Transparency International, no ranking de 174 países em 2012 estava em 62º lugar) — que a imagem da prisão por corrupção do ex-primeiro ministro Ivo Sanader, em 2010, não ajudou a alterar.
Leia mais na edição desta segunda-feira no Público e na revista 2 de domingo
Apesar dos constrangimentos, domingo foi
sobretudo marcado pelos festejos. Dezenas de milhares de pessoas
juntaram-se à festa em Zagreb, que foi lançada oficialmente com uma
frase do Presidente da Comissão Europeia. “Bem-vindos à União Europeia”,
afirmou Durão Barroso, citado pela AFP, um pouco antes de começar a
soar o hino comunitário, o Hino à Alegria de Beethoven. E acrescentou:
“É uma noite histórica. Tornaram a Croácia mesmo o centro da Europa”.
A festa da entrada na Croácia na União Europeia foi também marcada
por um espectáculo de fogo-de-artifício que iluminou o céu de Zagreb e
por um discurso do Presidente do país, Ivo Josipovic, que incitou todos
os compatriotas a encararem o futuro com optimismo. “Não deixem a nuvem
da crise económica assombrar o nosso optimismo. A crise é um desafio, um
convite a fazer de amanhã um dia melhor que hoje”, insistiu.“Isto mudará a vida desta nação para melhor. Dou-vos as boas-vindas de coração aberto”, disse, por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, à multidão, citado pela Reuters.
Para o evento foram chamados mais de 700 artistas que passaram por três palcos distintos, entre cantores, músicos e bailarinos. Em várias cidades do país repetiram-se vários festejos, ainda que com menor dimensão.
À meia-noite, como estava previsto, num gesto simbólico, foi retirado o sinal que separava a Eslovénia da Croácia, ao mesmo tempo que se ergueu a placa "UE" na fronteira com a Sérvia. Um passo que foi celebrado com entusiasmo, apesar dos dados que revelam também algum cepticismo: num referendo em 2012, 66,2% dos croatas votaram a favor da adesão, mas em Abril as eleições de deputados europeus levou às urnas só 20,8%.
Contudo, em termos políticos o processo de preparação para a entrada da Croácia na UE foi longo: foram cerca de dez anos e implicou a adopção de novas molduras legais, de medidas para fortalecer a democracia, da cooperação com o Tribunal Penal Internacional de Haia por causa dos crimes da guerra ou da aplicação de fundos em projectos de desenvolvimento humano. Por isso, na rua, muitos dos 4,3 milhões de croatas dizem que, de certa maneira, já se sentiam parte da UE. “A 1 de Julho não vamos acordar noutro país”, diz ao PÚBLICO a escritora Slavenka Drakulic.
No domingo, a segurança foi reforçada em Zagreb devido à presença de mais de 100 representantes internacionais nas celebrações, entre eles 15 chefes de Estado e 13 primeiro-ministros e os presidentes da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
A Croácia que chega à UE fá-lo depois de quatro anos de recessão económica, segundo o Banco Mundial, em que metade do seu comércio é feito com uma UE também em crise, e com uma taxa de desemprego nos 20% e de mais de 50% nos jovens. Sofre de uma dívida pública alta e de altos níveis de percepção de corrupção (segundo a Transparency International, no ranking de 174 países em 2012 estava em 62º lugar) — que a imagem da prisão por corrupção do ex-primeiro ministro Ivo Sanader, em 2010, não ajudou a alterar.
Leia mais na edição desta segunda-feira no Público e na revista 2 de domingo
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