segunda-feira, 1 de julho de 2013

Oposição egípcia exige demissão do presidente 01/07/2013

Egito, Cairo

A oposição do Egito apresentou um ultimato ao presidente Mohamed Mursi. Ou ele anuncia sua renúncia na terça-feira, ou na república começará um ato de desobediência civil. Em 30 de junho, no aniversário da posse do presidente, realizaram-se no Cairo e outras cidades do Egito numerosas ações de protesto, que se transformaram em choques armados dos partidários e adversários do atual poder. Em consequência 14 mortos, centenas de feridos. Os especialistas temem o início de nova espiral da guerra civil.

Em resposta ao chamado de Mursi ao diálogo nacional e seu reconhecimento de que no seu primeiro ano de trabalho no cargo de presidente foram cometidos erros, que ele está disposto a corrigir, os partidários da oposição declararam que não aceitarão compromisso. Eles ameaçam levantar o povo e repetir a história de dois anos atrás. Como declarou à Voz da Rússia o secretário geral do partido socialista do Egito, Ahmed Shaaban:
"Em essência agora decorre a segunda onda da revolução egípcia, que começou no início de 2011. Aqueles acontecimentos levaram a que, como resultado, o poder foi tomado pela Irmandade Muçulmana. Falando figuradamente, uns começaram a revolução e outros aproveitaram-se de seus frutos. Tal viragem dos acontecimentos ocorreu em conseqüência de conspiração entre a Irmandade Muçulmana e o Conselho Militar supremo do país, com a proteção dos Estados Unidos. Este regime não deu conta da situação e nem resolveu as questões, pelas quais foi derrubado Mubarak. A Irmandade Muçulmana começou a conduzir uma política de islamização do país, colocando seus homens em todos os órgãos estatais, sendo que eles não conseguiram tirar o país da crise econômica e não resolveram muitos problemas sociais e políticos."
Apesar de, formalmente, Mohamed Mursi ter deixado as fileiras da Irmandade Muçulmana, como antes relacionam seu nome com os islamistas. Na segunda-feira a sede da Irmandade Muçulmana no Cairo foi atacada por partidários da oposição. Justamente entre os islamistas encontram-se o maior número de partidário de Mursi. Eles qualificam os oposicionistas de "inimigos da revolução" e à crítica às autoridades vigentes respondem que o presidente está no cargo há apenas um ano – e neste período é impossível mudar totalmente a situação, é preciso apenas esperar, mas o povo egípcio já não acredita em promessas de que tudo ficará bem – assinala o analista do Instituto Russo de avaliações estratégicas e análise, Serguei Demidenko.
"No Egito é tão complexa a situação sócio-econômica, tão grande a quantidade de problemas de diferentes gêneros – 50% da população vive abaixo do limite da pobreza. Pode-se falar muito e longamente que em um ano não se pode fazer nada, mas eles esperavam do novo poder a melhoria de sua situação. Mas o novo poder não está em condições de fazê-lo. O problema é que o Partido da Liberdade e Justiça, se analisarmos seu programa, não prevê quaisquer possibilidades de melhoria da vida da população. Este programa é puro populismo."
Como resultado, no ano que passou Mohammed Mursi começou a perder partidários. O movimento oposicionista da juventude Tamarod ("motim" em árabe) em curto prazo conseguiu coletar 22 milhões de assinaturas de apoio à iniciativa de realização de eleição antecipada do chefe de estado. Quase duas vezes a mais do que o número de votos dados a Mursi nas eleições. Sua vitória então não foi convincente – salienta a professora da cátedra de Estudos Orientais do Instituto Estatal Moscovita de Relações Internacionais, Marina Sapronova:
"O principal problema consiste em que o atual presidente do Egito, Mohamed Mursi, desde o início, não recebeu crédito de confiança suficientemente grande para conduzir sua política. Ele venceu as eleições obtendo apenas pouco mais de 50% dos votos. Isto é, a sociedade egípcia dividiu-se ao meio entre os que apoiam Mursi e os que são contra ele."
Na situação criada são perfeitamente fundados os receios de que o derramamento de sangue no Egito continuará. O exército mantém a neutralidade por enquanto. Entretanto, na opinião dos especialistas, se o poder e a oposição não conseguirem se entender em breve, os generais terão de interferir nesse diálogo, e eles, como se sabe, não são de falar muito.

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