Brasil estreia na extração de vanádio com mina na Bahia
Autor(es): Por Olívia Alonso | De São Paulo
Valor Econômico - 21/02/2013
A canadense Largo Resources inaugura hoje, em Maracás (BA), uma 
das principais mineradoras de vanádio do mundo e a primeira da Américas,
 que será responsável por 8% da produção global do metal - e com o menor
 custo do mundo, segundo a companhia. Resistente a choques e à corrosão,
 o vanádio é utilizado para dar mais força para ligas de aço. É usado, 
por exemplo, nas indústrias bélica, aeronáutica, aeroespacial, na 
construção civil, na produção de aço inoxidável para instrumentos 
cirúrgicos e ferramentas e em uma gama de produtos menores, como os 
isqueiros.
Os primeiros quilos do metal da Vanádio de Maracás, subsidiária da 
Largo Resources e dona do projeto, serão produzidos no último trimestre 
deste ano, segundo Mark Brennan, presidente da companhia canadense. A 
empresa já obteve a maior parte das licenças necessárias para produzir e
 está em fase de finalização das obras, na etapa de instalações 
elétricas e montagem de equipamentos.
O investimento somará US$ 275 milhões, sendo US$ 175 milhões do 
BNDES, tendo como garantidores os bancos Itaú, Bradesco e Votorantim. O 
valor inclui a compra do projeto, em 2007, da Odebrecht e da Vale, que 
até a ocasião haviam estimado as reservas de minerais em 10 milhões de 
toneladas. Em estudos posteriores, a Vanádio de Maracás identificou o 
volume de 23 milhões de toneladas, o que dará à mina uma vida útil de 29
 anos.
"Agora, não precisamos mais de recursos, só precisamos finalizar a 
construção," disse o executivo ao Valor. Ele afirma que a unidade vai 
gerar receita anual de pelo menos US$ 120 milhões a partir do ano que 
vem. Neste ano, serão desembolsados US$ 35 milhões.
O alto teor de vanádio contido em Maracás - de 1,34%, contra 0,5% em 
algumas das principais minas do mundo - deve garantir altas margens à 
companhia, afirma Brennan. Segundo ele, o custo do quilo do vanádio do 
projeto foi estimado em US$ 12, enquanto o preço de mercado está em US$ 
32. O pentóxido de vanádio, que será o primeiro produto produzido pela 
empresa e tem os mesmos usos das ligas ferro-vanádio, terá um custo de 
US$ 2,10 por libra-peso, enquanto o preço no mercado está em torno de 
US$ 7 por libra-peso.
Em 2014, a companhia espera operar com sua capacidade total, de cerca
 de 9,6 mil toneladas por ano de pentóxido de vanádio (sendo cerca de 
5,5 mil de vanádio contido) e empregar 400 pessoas. Dois anos depois, o 
objetivo é aumentar a produção em 50%, após ampliações na estrutura 
original.
O destino da produção da Vanádio de Maracás esta nas mãos da 
Glencore, que comprará a totalidade do volume produzido pela empresa. 
Atualmente, o Brasil é importador líquido de Vanádio, tendo comprado do 
exterior 1.180 toneladas da liga ferro-vanádio em 2011, segundo os dados
 mais recentes do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), e 
exportado 74 toneladas.
Além da Vanádio de Maracás, a Largo Resources possui outros dois 
projetos no país: em Currais Novos (RN), de tungstênio, e em Campo 
Alegre de Lourdes (BA), com reservas de minério de ferro, titânio e 
vanádio, mas esta em fase inicial de desenvolvimento. Fora do Brasil, a 
empresa produz tungstênio em Yukon, no Canadá.
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