Da Carta Capital
O Brasil tem hoje 12 milhões de pessoas vivendo em comunidades ou
favelas. Elas são responsáveis por movimentar 38,6 bilhões de reais por
ano, gastos equivalentes, por exemplo, ao PIB da Bolívia. Se formassem
um estado, as comunidades seriam o quinto mais populoso da federação
brasileira; só as do Rio de Janeiro formariam, juntas, a nona maior
cidade do país.
Os dados, divulgados nesta quarta-feira 20, são resultado da pesquisa DataFavela,
estudo feito pelo instituto Data Popular em parceria com Celso
Athayde, ex-dirigente da Central Única de Favelas (CUFA), e se baseia
em uma projeção que cruzou dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) .
O estudo revelou que a maior parte dessas comunidades se concentra
nos grandes centros, mas a região Norte é a que tem a maior porcentagem
de população vivendo nessa situação, cerca de 10%.
A média de idade é de 30 anos, 3 anos a menos do que o apontado pelo
último estudo. A cor autodeclarada predominante continua a ser a negra,
com um aumento de 61% para 67% de pessoas que assim se autodeclaram. O
número de negros na periferia é maior do que dentro da população em
geral: 67% contra os 52% no país inteiro .
Em 2001, 60% dos moradores das comunidades pertenciam à classe baixa e
37% à classe média. Hoje são 32% na classe baixa e 65% na classe média.
Também houve uma ascensão no nível de escolaridade, com o número de analfabetos caindo de 51% para 33%.
Os moradores têm orgulho do lugar
onde vivem, segundo o instituto: 85% gostam do lugar onde moram, 80% têm
orgulho de onde vivem e 70% deles continuariam a morar na comunidade,
mesmo se a renda dobrasse. Em um relato, presente no estudo paralelo Geração C – Especial Comunidades Cariocas, Paula,
de 18 anos, casada e mãe de uma menina de 2 anos, moradora de uma
favela do Rio de Janeiro expressa o sentimento “Na comunidade, acho
ruins os tiroteios e o tráfico, mas sempre morei aqui e quero continuar aqui porque toda a minha família está pertinho. Aqui, todo mundo ajuda todo mundo”.
A infraestrutura melhorou significativamente nos
últimos 10 anos, segundo o estudo. Em 2002, apenas 6 em cada 10 pessoas
tinham acesso a água canalizada; agora o número passou para 9 em cada
10, um aumento de 50%. A porcentagem de pessoas que usufruem da coleta
de lixo coletiva chegou em 80%, quando em 2002 apenas 40% recolhiam seu
lixo e de maneira indireta.
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