Espanha: Multidões pedem a demissão do governo
Manifestações da Maré Cidadã ocorreram em 80
cidades. Em Madrid, quatro marchas diferentes confluíram diante do
Parlamento, com faixas e palavras de ordem contra a austeridade, contra o
pagamento da dívida e exortando Mariano Rajoy a fazer o mesmo que o
Papa e demitir-se.
A multidão
gritava: "Os teus envelopes são os meus cortes" em referência aos
pagamentos ilícitos a dirigentes do PP. Fotografia de Fotomovimiento
Quatro marchas em Madrid
Em Madrid, onde se realizou a manifestação mais importante, quatro marchas diferentes encheram algumas das principais avenidas da capital, saindo por volta das 17 horas da Porta del Sol, de Embajadores, de Colón e de Puente de Vallecas. As marchas contaram com ampla participação dos trabalhadores de diversas áreas, com as suas cores identificativas: a Maré Azul contra a privatização da água, a Maré Laranja pelos serviços sociais, a Maré Violeta em defesa dos direitos das mulheres. Os professores formaram a Maré Verde, os médicos a Maré Branca. Distinguiam-se igualmente dezenas de assembleias populares do Movimento 15-M, os bombeiros, os mineiros, os afetados pelas hipotecas, os trabalhadores da Ibéria e da Telemadrid.
Presença do Bloco de Esquerda de Portugal
A coluna que saiu da Porta del Sol tinha na frente Cayo Lara, coordenador geral da Esquerda Unida, acompanhado da eurodeputada Marisa Matias, do Bloco de Esquerda de Portugal. Outras organizações estavam igualmente presentes, como a Esquerda Anticapitalista, os Ecologistas em Ação, a Attac, a Juventud Sin Futuro, os sindicatos CGT e CNT e uma infinidade mais de siglas e coletivos. Cayo Lara defendeu que a “conquista das ruas” é o que os cidadãos podem fazer para contrariar a maioria absoluta do PP no Parlamento.
Em muitas faixas clamava-se contra a corrupção – “Não há pão para tanto chouriço” – contra o governo – “Rajoy, imita o Papa e demite-te” – e contra a austeridade – “Violência é ganhar 600 euros”. Outro dos lemas mais usados era “Não ao golpe de Estado financeiro. Não devemos, não pagamos”.
"Os teus envelopes são os meus cortes"
No fim da marcha, todos se concentraram na praça Neptuno, em Madrid, onde estava um enorme dispositivo policial com cerca de 1.400 polícias. A multidão gritava: "Os teus envelopes são os meus cortes" em referência aos pagamentos ilícitos a dirigentes do PP, alegadamente registados por escrito em documentos do ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas.
A manifestação em Madrid terminou como a leitura do manifesto "Maré Cidadã unida contra os cortes e a favor de uma verdadeira democracia", documento que critica a pressão dos mercados financeiros e a dívida ilegítima criada por eles, e com a entoação da música "Canto a la libertad", do cantor de intervenção espanhol José Antonio Labordeta, falecido em 2010.
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