sábado, 27 de agosto de 2011

Empresas brasileiras vão em busca de espaço no mercado de tablets

Apesar de grandes empresas do setor, como a HP e a Dell, terem recentemente desistido de disputar espaço com o iPad, grupos nacionais, como a Positivo e a pequena Aoix, preparam a chegada de seus produtos

26 de agosto de 2011 | 22h 55Renato Cruz e Rodrigo Petry
SÃO PAULO - Num momento em que grandes fabricantes internacionais desistem de competir com o iPad e retiram seus tablets do mercado, empresas brasileiras se preparam para lançar seus produtos. A Positivo Informática anunciou esta semana que planeja colocar o seu tablet no mercado em setembro. Essa é a mesma meta da Aoix, de Caçador (SC).

A Positivo e a Aoix estão entre as companhias que já tiveram seu Processo Produtivo Básico (PPB) publicado pelo governo. Com isso, elas podem se beneficiar da redução de impostos oferecida para os tablets fabricados localmente. As multinacionais Samsung e Motorola já têm fabricação local.
"O mercado ainda é muito pequeno", disse Ivair Rodrigues, diretor de Estudos de Mercado da IT Data. "Vai crescer, porque os preços vão baixar, mas não será tudo isso que estão dizendo."
Ele acrescentou que hoje o público de maior renda é disputado pelo iPad, da Apple, e o Galaxy Tab, da Samsung, mas que os tablets que mais vendem são aparelhos de baixo custo, importados da China de forma nem sempre legal, disponíveis a cerca de R$ 300. "Tem gente que até questiona se esses produtos podem mesmo ser chamados de tablets", disse Rodrigues.
Concorrência. A HP anunciou na semana passada a decisão de deixar de fabricar o seu tablet TouchPad. A Dell também desistiu do Streak 5. Nesse cenário, há espaço para produtos brasileiros? "Tem mercado para tudo", disse Jovelci Gomes, presidente da Aoix. "Alguns vão querer um iPad. Outros vão querer um tablet brasileiro, que gera empregos no Brasil, sai pela metade do preço e tem um ano de garantia."
A Aoix usa a marca Braox. Com lançamento previsto para setembro, o primeiro modelo, segundo Gomes, virá com tela de sete polegadas, sistema operacional Android 2.3, 16 gigabytes de memória e conexão Wi-Fi, com preço final de cerca de R$ 750. Ele planeja lançar um segundo modelo 60 dias depois, com tela de 10 polegadas e conexão 3G, por cerca de R$ 900.
Há mais de um ano a empresa vinha se preparando para lançar o tablet, segundo o presidente da Aoix. "Sem o PPB (incentivo do governo), o produto seria, no mínimo, 40% mais caro", disse. "O governo está de parabéns."
Criada há três anos, a Aoix faz parte do Grupo Sul Brasil, que começou com injeção de plásticos, fabricando puxadores de móveis.
Segundo Gomes, a empresa fabrica hoje de 7 mil a 8 mil microcomputadores por mês, mas ampliará sua capacidade para 50 mil unidades em 2012. A Aoix espera vender 60 mil tablets ainda este ano, chegando a 500 mil em 2012. A meta é ambiciosa. A consultoria IDC prevê que o mercado de tablets no Brasil este ano chegará a 400 mil unidades.
Natal.
A Positivo contará com tablets de fabricação própria para a venda neste Natal. O presidente da companhia, Hélio Rotenberg, informou esta semana que em setembro ocorrerá o lançamento oficial.
"Vamos produzir um tablet que possa atender a todos os brasileiros", disse o executivo. Ele adiantou que o sistema operacional do tablet será o Android, mas não revelou em qual fábrica da Positivo será produzido, se em Curitiba (PR), Ilhéus (BA) ou Manaus (AM).
Segundo ele, a produção atenderá o mercado brasileiro, mas pode ser comercializada também na Argentina, onde a empresa já conta com uma fábrica local. "O tablet não será um concorrente direto dos notebooks ou desktops, porque as pessoas ainda têm a necessidade de PCs, mas com certeza vai roubar vendas", disse Rotenberg. Na visão do executivo, a compra do primeiro computador pela classe C continuará incentivando a venda de PCs.

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