terça-feira, 30 de agosto de 2011

Indústria de cartões opõe-se à economia e cresce mais


 
DA REUTERS, EM SÃO PAULO
30/08/2011 - 13h27 

Ao contrário da economia em desaceleração, a indústria brasileira de cartões prevê um crescimento ainda maior do setor em 2011, em meio ao contínuo aumento do uso de meios eletrônicos como forma de pagamento.
A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) revisou a projeção de aumento das receitas das empresas do setor, de 20% para 23%, ante 2010.
"Isso tem mais a ver com as mudança de hábito do consumidor do que com a economia", disse nesta terça-feira o presidente da Abecs, Cláudio Yamaguti.
A entidade informou que o faturamento conjunto de suas 39 sócias, incluindo empresas emissoras de cartões e credenciadoras de lojas, somou R$ 158,9 bilhões de abril a junho, um aumento de 26% em relação ao mesmo período de 2010.
De abril a junho, foram processados 1,99 bilhão de pagamentos de compras com meios eletrônicos, um avanço de 20% no período. No final do primeiro semestre, havia em circulação no país 657,2 milhões de cartões, 10% a mais em doze meses.
Para Yamaguti, o aumento da competição no setor, fomentada em parte por mudanças regulatórias implementadas pelo governo, acelerou ainda mais a substituição de cheques e dinheiro por cartões, que hoje pagam uma em cada quatro compras feitas pelas famílias no Brasil.
"Nós estamos no mesmo patamar em que estavam os Estados Unidos há dez anos, mas acho que não vamos demorar dez anos para chegar aonde eles estão", disse Yamaguti, citando que nos EUA os cartões representam 45% dos pagamento das compras.
DESEMPREGO
De acordo com a Abecs, a baixa taxa de desemprego também teve efeito positivo sobre os números do setor na primeira metade do ano, movimento percebido com mais força no consumo de famílias das classes C, D e E.
"Para muita gente, as cartões estão sendo a primeira fase no processo de bancarização", disse Yamaguti.
Além disso, no trimestre houve também expansão de 22% nos gastos de brasileiros no exterior, na comparação anual, para R$ 4,9 bilhões, resultado atribuído pela Abecs à valorização do real contra o dólar e ao aumento do poder aquisitivo dos consumidores.
"Não houve impacto do aumento do IOF", disse Yamaguti, referindo-se ao aumento da alíquota do imposto, de 2,38% para 6,38%, sobre compras com cartão de crédito no exterior, definida em março pelo governo justamente para tentar frear a expansão desse tipo de gastos.
Na visão do executivo, mesmo com a revisão para cima, a previsão atual de crescimento do segmento em 2011 ainda é conservadora. Um dos motivos dessa prudência, disse, é a expectativa com o impacto de algumas mudanças na regulação.
A principal delas é a que estabeleceu um piso para pagamento mínimo da fatura de cartão de crédito. Desde junho, os clientes são obrigados a pagar pelo menos 15% do total. Em dezembro, a fatia subirá para 20%.
Antes, cada banco tinha sua própria regra.
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