Moody’s pode rebaixar rating do Japão até o fim do mês
Agência havia colocado a nota japonesa em revisão em maio, por causa do terremoto e do tsunami que atingiram o país em março e da preocupação com reformas fiscais
22 de agosto de 2011 | 18h 52Renato Martins, da Agência Estado
CINGAPURA - A Moody's Investors Service disse nesta segunda-feira que seu período habitual de três meses para fazer a revisão de um rating se aplica ao caso do Japão. A Moody's havia colocado o rating de crédito do Japão em revisão para possível rebaixamento em maio, o que indica que uma decisão poderá sair nos próximos dias. "O período típico de revisão de 90 dias se aplica no caso do rating Aa2 do Japão, que foi colocado em revisão para possível rebaixamento em 31 de maio de 2011", disse um porta-voz da Moody's.
A agência poderá decidir prorrogar o prazo de revisão, mas há poucos sinais de que o Japão poderá escapar do rebaixamento. Por causa da crise da dívida europeia, da perspectiva nebulosa da economia dos EUA e do avanço persistente do iene no mercado de moedas, as condições da economia japonesa não melhoraram de maio para cá.
Entre as razões que a Moody's citou para a revisão do rating estavam os custos e os efeitos do terremoto e do tsunami de 11 de março e a preocupação com "o escopo, a eficácia e a oportunidade" de um programa de reformas fiscais" que ainda não foi transformado em lei.
Nesta segunda-feira, o Partido Democrático do Japão (PDJ, no governo) decidiu realizar na próxima segunda-feira, dia 29, a eleição para a escolha de seu novo presidente, caso o primeiro-ministro Naoto Kan renuncie a esse posto, como prometeu, depois de o Parlamento aprovar o projeto de reconstrução pós-terremoto, o que está previsto para esta sexta.
Mas, segundo o economista Kiichi Murashima, do Citigroup, nem mesmo uma mudança de primeiro-ministro não deverá ser suficiente para evitar um rebaixamento de rating. Segundo Murashima, a maioria dos candidatos à sucessão de Kan "não põe muito peso em reforma fiscal", porque Ichiro Ozawa, considerado a "eminência parda" do PDJ, "é contra elevações de impostos". "Até mesmo o ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, que em geral é visto como um reformador fiscal, está mudando sua retórica. Parece que ninguém realmente pensa a sério na reforma fiscal. Acredito que a Moody's vai rebaixar o rating soberano logo depois dessa eleição partidária", disse o economista.
Para o estrategista Marc Ostwald, da Monument Securities, os esforços de reconstrução do Japão "têm sido assustadoramente lentos, mesmo pelos horríveis padrões japoneses de indecisão". Ele lembra que a Moody's tem sido mais agressiva do que suas concorrentes em relação ao rating soberano do Japão nos últimos 15 anos; caso a Moody's conclua sua revisão antes da renúncia de Naoto Kan, isso seria uma indicação de que a agência vê pouca probabilidade de que o novo líder do partido governista venha a adotar uma reforma fiscal significativa.
O economista-chefe do Bank of Singapore, Richard Jerram, disse que "todos os sucessores potenciais de Kan sofrerão restrições por parte do ambiente político, o que significa que uma política fiscal agressiva está fora do dicionário".
As informações são da Dow Jones.
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