segunda-feira, 24 de outubro de 2011
 Kadafi libertou as mulheres alistando-as nas Forças Armadas
Então o senhor considera Kadafi um Gênio?
Sim! Respondeu o embaixador. Um Gênio! E amanhã o senhor vai ter uma prova disso.
Não entendi. 
Amanhã vai haver um desfile em comemoração ao décimo aniversario da Revolução. Assista e veja se não tenho razão.
O dia seguinte amanheceu glorioso. E eu já estava preocupado.
Se o país vai parar para comemorar o décimo aniversário da Revolução, será que Kadafi vai encontrar tempo para a entrevista?
A população lotava a praça e as ruas onde seriam realizados os desfiles.
Um fato me chamou a atenção.
Havia milhares de meninas adolescentes com uniformes militares prontas para o desfile.
Sorriam um sorriso que somente as adolescentes possuem. 
Impressionante a sua alegria.
Impressionante a sua alegria.
Foi  assim que Kadafi libertou as mulheres, que antes não podiam atravessar a  porta de casa e nem tirar as vestimentas que cobriam seu corpo de cima  abaixo, me confidenciou o embaixador.
É ou não um gênio? 
Essas  adolescentes saem de casa bem cedinho usando o uniforme militar e  retornam para suas casas no fim do dia. Elas só não dormem no quartel. 
E têm autorização para não tirar o uniforme.
Depois do serviço militar elas jamais voltam a se vestir como anteriormente.
Então é por isso que as mulheres líbias se vestem como as ocidentais?
Mas vez ou outra deparamos com mulheres com roupas tradicionais.
Terminado  o desfile, um membro do governo me diz que Kadafi nos receberia não  mais em Trípoli, mas em Benghazi, a bela cidade mediterrânea. 
E que nos buscariam de madrugada pra viajarmos os 600 quilômetros que separam as duas cidades.
Fico sabendo nesse dia que a energia elétrica que ilumina o país é de graça.
Ninguém recebe a conta de luz, seja em casa ou no comércio.
E quem tiver aptidão para empresário, pode buscar os recursos necessários no banco estatal e não paga nenhum centavo de juros.
A  divisão da riqueza do país  com sua população, em nome do islamismo,  criou um sério problema para os demais países muçulmanos, principalmente  Arábia Saudita.
E  desde então, Kadafi nunca poupou os dirigentes sauditas que acusou de  terem se apossado de um país que jamais lhes pertenceu e de serem  “infiéis que conspurcavam o verdadeiro islamismo”.
“Trocaram o Profeta pelo petróleo”.
Pela primeira vez usava-se o Alcorão contra aqueles que se diziam seus defensores.
Os sauditas, acuados, só conseguiam dizer que ele era “comunista”.
Kadafi respondia que ele apenas seguia o Alcorão ao pé da letra.
Várias revoltas começaram a eclodir na Arábia Saudita e países do Golfo.
Estados Unidos e mídia associada começaram a arregaçar as mangas.
Era preciso defender a vassala Arábia Saudita e transformar Kadafi num pária.

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