30/8/2012, Teerã, Irã – The 
Office of the Supreme Leader Sayyid Ali Khamenei
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
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| Aiatolá Ali Khamenei, Líder Supremo da República Islâmica do Irã | 
Em nome de 
Alá, o Benéfico, o 
Generoso. 
Todas 
as honras a Alá, Senhor dos Dois Mundos. Que a paz e todas as bênçãos desçam 
sobre o maior e mais confiável Mensageiro, todos seus descendentes, companheiros 
seletos e todos os seus profetas e enviados divinos. 
Saúdo 
nossos honrados hóspedes, líderes e delegações representantes dos estados 
membros do Movimento dos Não Alinhados, e todos demais participantes desse 
grande encontro internacional. 
Reunimo-nos 
aqui para continuar um movimento, com a ajuda e a orientação de Deus, para 
dar-lhe nova vida e energia, consideradas as atuais condições e necessidades do 
mundo. O Movimento dos Não Alinhados foi fundado há quase 60 anos, graças à 
inteligência e à coragem de uns poucos líderes políticos atentos e responsáveis 
que sabiam das condições e circunstâncias de seu tempo. 
Nossos 
hóspedes reuniram-se aqui, vindos de diferentes pontos geográficos, uns mais 
próximos, outros mais distantes, de diferentes nacionalidades e povos, com 
características ideológicas, culturais e históricas diferentes. Mas, como Ahmad 
Sukarno, um dos fundadores desse Movimento, disse na famosa Conferência de 
Bandung em 1955, o fundamento do Movimento dos Não Alinhados não é geográfico ou 
racial, nem a unidade de religião; o fundamento do Movimento dos Não Alinhados é 
a unidade de carências e necessidades. Naquele momento, os estados membros do 
Movimento dos Não Alinhados careciam de um elo que os protegesse contra as redes 
autoritárias, arrogantes e insaciáveis; hoje, com o progresso e a disseminação 
dos instrumentos de hegemonia, essa carência ainda existe. 
Gostaria 
de destacar mais uma verdade. O Islã nos ensinou que, apesar das diferenças 
raciais, linguísticas e culturais, todos os seres humanos partilham a mesma 
natureza, que os encaminha na direção da pureza, da justiça, da generosidade, da 
compaixão e da cooperação. Essa natureza humana universal é que – quando 
consegue afastar-se com segurança das motivações enganosas – conduz os seres 
humanos na direção do monoteísmo e da compreensão da transcendente essência de 
Deus. 
Essa 
luminosa verdade tem tal poder, que serve como base para a fundação de 
sociedades livres e orgulhosas delas mesmas, e que, ao mesmo tempo, alcançam 
progresso e justiça para muitos. Ela permite que a luz da espiritualidade 
ilumine todos os projetos materiais da humanidade e, assim, permite que os 
homens criem para eles mesmos, sobre a Terra, paraísos de bem-estar, antecipação 
do paraíso que depois virá, prometido por muitas religiões. E é essa verdade 
comum e universal que pode oferecer os fundamentos da irmandade e da cooperação 
fraterna entre nações e povos que pouco ou nada tenham de semelhança entre eles, 
em termos de estruturas externas, passado histórico ou localização geográfica. 
Sempre 
que a cooperação internacional for baseada nesse tipo de fundamento, os governos 
poderão construir relações entre eles, não baseadas no medo, nem construídas sob 
ameaças, ou por ganância, ou baseadas na disputa entre interesses unilaterais, 
ou que brotam da mediação de indivíduos traiçoeiros e venais, mas baseadas em 
interesses partilhados entre todos e – mais importante – que visam a atender a 
interesses de toda a humanidade. Assim, os governantes podem dar paz às próprias 
consciências despertas e alargadas e podem garantir paz também à consciência dos 
seus povos. 
Essa 
ordem baseada em valores é o exato oposto da ordem baseada na força hegemônica, 
que tem sido ostentada, propagandeada e capitaneada pelas potências ocidentais 
nos últimos séculos; e pelo governo agressivo e autoritário dos EUA, hoje. 
| 16a. Conferência dos Países Não Alinhados - Teerã, 30/8/2012 | 
Caros 
visitantes e hóspedes, hoje, passadas já quase seis décadas, os principais 
valores do Movimento dos Não Alinhados permanecem vivos e firmes: valores como o 
anticolonialismo, a independência econômica e política, o não alinhamento com 
blocos de poder, e sempre crescentes e aprimoradas solidariedade e cooperação 
entre os estados membros. As realidades do mundo contemporâneo não mostram 
fartura desses valores. Mas o desejo coletivo manifestado, somado a esforços 
amplos e firmes para mudar as realidades de hoje e realizar aqueles valores, 
embora carregados de desafios, são promissores e recompensadores. 
No 
passado recente, assistimos ao fracasso das políticas da era da Guerra Fria e ao 
unilateralismo que se seguiu àquelas políticas. Aprendidas as lições dessa 
experiência histórica, o mundo está em transição para uma nova ordem 
internacional. E o Movimento dos Não Alinhados pode, aí, desempenhar um novo 
papel. A nova ordem terá de ser baseada na participação de todas as nações e em 
direitos iguais para todas. Como membros desse movimento, nossa solidariedade é 
necessidade óbvia no atual momento, para estabelecer essa nova ordem. 
Felizmente, 
a visão geral dos desenvolvimentos globais promete um sistema multifacetado, no 
qual os tradicionais blocos de poder são substituídos por grupos de países, 
culturas e civilizações de diferentes origens econômicas, sociais e políticas. 
Os importantes eventos cuja ocorrência testemunhamos nas últimas três décadas 
mostram claramente que a emergência de novas potências coincidiu com o declínio 
das velhas potências. Essa gradual transição de poder oferece aos países não 
alinhados importante ocasião para desempenhar papel significativo no palco 
mundial e para preparar o terreno para nova governança global, justa e realmente 
participativa. 
Apesar 
das muitas perspectivas e orientações, nós, estados membros desse Movimento de 
Não Alinhados, conseguimos preservar por muito tempo nossa solidariedade e os 
laços que nos ligam, no quadro de nossos valores partilhados. Não é realização 
pequena ou desimportante. Esses laços e nossa solidariedade podem preparar o 
terreno para a transição para uma nova ordem humana e justa. 
As 
atuais condições globais oferecem ao Movimento dos Não Alinhados uma 
oportunidade que talvez não volte a aparecer. Nosso pensamento é que a sala de 
controle do mundo não deve ser administrada pelo desejo de poder ditatorial com 
que a administram os interesses e desejos de uns poucos países ocidentais. 
Tem 
de ser possível estabelecer e preservar um sistema participativo de 
administração dos assuntos internacionais que seja global e democrático. É o que 
querem e do que carecem todos os países que, direta ou indiretamente, foram 
agredidos por ações de países tão hegemônicos quanto violentos e agressivos. 
A 
estrutura e os mecanismos do Conselho de Segurança da ONU são hoje ilógicos, 
injustos e absolutamente não democráticos. Vê-se ali flagrante modalidade de 
ditadura, antiquada e obsoleta, cujo prazo de validade já se esgotou. Mediante 
repetido abuso daqueles mecanismos impróprios, os EUA e seus cúmplices têm 
conseguido mascarar seus atos de injustificável agressão, travestindo-os com 
conceitos nobres e impondo-os à força, ao mundo. Aqueles mecanismos preservam os 
interesses do ocidente, apresentando-os como se implicassem “direitos humanos”. 
Os EUA interferem militarmente em outros países, mascarando a intervenção em 
nome de alguma “democracia”. Atacam populações indefesas em vilas e cidades, 
bombardeando inocentes, como se isso fosse “combater o terrorismo”. Da 
perspectiva dos EUA, a humanidade divide-se em cidadãos de primeira e de segunda 
classe. 
A 
vida humana na Ásia, África e América Latina vale nada; só é valiosa e cara nos 
EUA e na Europa Ocidental. A segurança de EUA e Europa é artigo importante; a 
segurança do resto da humanidade vale nada. Tortura e assassinato são permitidos 
e absolutamente inatingíveis pela lei, se o torturador e o assassino é EUA ou os 
sionistas ou algum de seus fantoches. Nada agita a consciência deles: mantêm 
prisões secretas em várias partes do mundo, em vários continentes, nos quais 
prisioneiros aos quais se nega qualquer defesa ou advogado, nega-se até o 
direito de ser julgado em tribunal legal, vivem em condições abjetas, 
inadmissíveis. O bem e o mal são valores definidos seletivamente, viciosamente. 
Impõem seus próprios interesses a nações livres, como se alguma “lei 
internacional” existisse especialmente para legalizar o que é injusto. Impõe sua 
dominação e suas exigências, como se fossem exigência de alguma “comunidade 
internacional”. Usando sua própria rede de imprensa, comunicação e mídia, 
exclusiva e organizada, conseguem mascarar como verdade a falsidade e suas 
mentiras; a opressão que impõem, são apresentadas como esforços para promover 
alguma justiça. Ao mesmo tempo, apresentam como se fossem mentiras todas as 
declarações e informações verdadeiras que exponham a falsidade e a simulação; e 
chamam de “rogue” toda demanda legítima. 
Amigos, 
essa situação daninha e viciosa não pode continuar. Todos se cansaram dessa 
estrutura internacional viciosa. O movimento dos 99% do povo contra os centros 
de riqueza e poder nos EUA, e os protestos populares que se alastram na Europa 
Ocidental contra as políticas econômicas dos respectivos governos mostram que o 
povo começa a perder a paciência. É necessário remediar essa situação 
irracional. Elos de conexão firmes, lógicos, abrangentes, entre os estados 
membros do Movimento dos Não Alinhados, podem ter importante função na ação de 
encontrar remédio. 
Honrado 
público presente, a paz e a segurança internacional estão entre as questões 
cruciais do mundo contemporâneo; eliminar as catastróficas armas de destruição 
em massa é necessidade urgente e demanda universal. No mundo de hoje, a 
segurança é necessidade partilhada – e não há espaço para discriminação. 
Ninguém, 
dos que mantêm armas anti-humanidade em seus arsenais, pode, de modo algum, 
declarar-se padrão exemplar de guardião da segurança global. Sequer são capazes 
de proteger a própria segurança e a segurança dos seus cidadãos. 
Máxima 
infelicidade é ver que países que mantêm os maiores arsenais de bombas nucleares 
do planeta ainda não deram qualquer sinal de disposição genuína para desmontar 
esses arsenais e apagar essas armas anti-humanidade de suas doutrinas militares. 
De fato, aqueles países ainda consideram aquelas armas como instrumento útil 
para usar como ameaça – e como importante padrão que define a posição política e 
internacional, de força, dos países “atômicos”. É indispensável rejeitar e 
condenar completamente esse conjunto de ideias. 
Armas 
nucleares nem garantem autoproteção e segurança, nem são fator que consolide 
algum poder político. Não passam de ameaças diretas tanto à segurança quanto a 
qualquer poder político. Os eventos dos anos 1990s mostraram que a posse de 
armas nucleares sequer conseguiu manter no poder um regime como o da antiga 
União Soviética. E hoje se veem alguns países expostos a trágicas ondas de 
mortal insegurança, apesar das suas bombas atômicas. 
A 
República Islâmica do Irã define o use de armas químicas e similares como pecado 
grave e imperdoável. 
Propusemos 
a ideia do “Oriente Médio livre de armas nucleares” e continuamos comprometidos 
com ela. Não implica abrir mão de nosso direito de usar a energia atômica para 
finalidades pacíficas e para produzir combustível atômico. Em estrito respeito à 
legislação internacional, todos os países têm direito de usar energia nucelar 
para finalidades pacíficas. Todos os países devem poder empregar essa importante 
fonte de energia para várias finalidades vitais, em benefício do país e de seu 
povo, sem ter de depender de fornecedores para exercer esse direito. 
Alguns 
países ocidentais os quais, eles mesmos, mantêm arsenais de bombas atômicas e 
são culpados, portanto, dessa prática ilegal, desejam monopolizar a produção de 
combustível nuclear. Movimentos clandestinos estão em processo hoje, para 
consolidar um monopólio permanente da produção e venda de combustível nuclear, 
em centros que têm uma autorização internacional, mas que, de fato, são 
controlados por uns poucos países ocidentais. 
Amarga 
ironia de nosso tempo é que o governo dos EUA, que comanda o maior e mais mortal 
arsenal de bombas atômicas anti-humanidade e de outras armas de destruição em 
massa – e o único país, em toda a história do mundo, culpado de ter usado bombas 
atômicas em situação de guerra – tanto faça para aparecer como paladino da 
oposição à proliferação dessas armas. 
Os 
EUA e seus aliados ocidentais armaram o regime sionista usurpador: deram armas 
atômicas àquele regime e, assim, criaram a maior e mais terrível ameaça que pesa 
hoje sobre toda essa região sensível. Mas os mesmos, cínicos, mentirosos, 
falsos, não admitem que países independentes usem a energia nuclear para 
finalidades pacíficas; de fato, opõem-se furiosamente, com toda sua força, à 
produção de combustível nuclear para emprego em equipamentos usados em pesquisa 
médica, farmacológica e outras finalidades pacíficas. Usam, como pretexto, o 
medo de que esses países venham a produzir armas atômicas. 
No 
caso da República Islâmica do Irã, os próprios mentirosos sabem perfeitamente 
que mentem, mas as mentiras e os mentirosos são ‘autorizados’ pelo tipo de 
política que praticam, absolutamente carente de qualquer traço, mínimo que 
fosse, de espiritualidade. Estado, governo e governantes que fazem ameaças 
nucleares em pleno século 21, sem se envergonharem do que fazem e dizem... por 
que se envergonhariam de mentir ao mundo? 
Reafirmo 
que a República Islâmica jamais buscou produzir armas nucleares. Reafirmo também 
que jamais desistimos ou desistiremos do direito, que é do povo do Irã, de usar 
energia nuclear para finalidades pacíficas. Nosso motto é e sempre foi: “Energia nuclear para todos 
e armas nucleares para ninguém.” 
Insistiremos 
sempre em cada um desses dois conceitos. Sabemos que quebrar o monopólio de 
alguns países ocidentais produtores de energia nuclear – nos termos definidos 
pelo Tratado de Não Proliferação – é tarefa que interessa a todos os países 
independentes inclusive aos membros do Movimento dos Não Alinhados. 
A 
bem-sucedida experiência da República Islâmica, na resistência contra a agressão 
e as pressões dos EUA e seus cúmplices, já nos convenceu firmemente de que a 
resistência de nação decidida a resistir pode vencer todas as hostilidades, 
provocações e desamizades, e abrir caminho para que os resistentes alcancem seus 
mais altos objetivos. Os amplos avanços que o Irã obteve nos últimos 20 anos são 
fatos bem conhecidos de muitos e repetidamente atestados por observadores 
internacionais oficiais. Tudo o que fizemos aconteceu sob sanções e pressões 
econômicas, e contra intensivas campanhas de propaganda, de que são meios e 
agentes as redes de imprensa, comunicação e notícias apadrinhadas pelo sionismo 
e pelos EUA. 
As 
sanções, definidas como “debilitantes”, quando não como “paralisantes” por 
comentaristas néscios, não só não nos paralisaram como, ao contrário, nos 
obrigaram a dar passos mais firmes, a firmar nossa vontade, e aprofundaram nossa 
convicção de que nossas análises são corretas e que o Irã é mais forte do que 
supõem os inimigos. Tantos de nós viram, com os próprios olhos, o quanto Deus 
nos ajuda sempre, para superar esses desafios! 
Honrados 
hóspedes, considero necessário falar aqui sobre importante questão que, embora 
seja questão dessa nossa região, tem dimensões que avançam muito além dos nossos 
limites e influenciam políticas globais há, já, várias décadas. Refiro à 
gravíssima questão da Palestina. 
Em 
versão resumida, começou por um terrível complô ocidental, dirigido pela 
Inglaterra nos anos 1940s. Um país independente, com clara e conhecida 
identidade histórica, chamado “Palestina”, foi roubado do povo que ali vivia e, 
mediante invasão, guerra, matança, massacres, foi entregue a um grupo de pessoas 
das quais a maioria eram imigrantes de países europeus. 
Essa 
quase inacreditável usurpação – que, nos primeiros anos, foi acompanhada de 
massacres de aldeãos que viviam indefesos em cidades e vilas palestinas, e que 
foram ou assassinados ou expulsos de suas casas e cidades e vilas e terras e 
empurrados para países vizinhos, como párias – continuou por mais de 60 anos; 
praticamente os mesmos crimes repetem-se até hoje. Essa é uma das questões mais 
importantes a exigir ação firme de toda a comunidade humana. 
Durante 
todos esses anos, líderes políticos e militares do regime sionista ocupante não 
negaram a prática de seus crimes: assassinatos, destruição de casas e 
propriedades, prisão e tortura de homens, mulheres e até de crianças, humilhação 
e insultos contra a nação palestina, tentativas que o regime sionista sempre 
fez, na intenção de destruí-la, atacando até os campos de refugiados palestinos 
em países vizinhos, nos quais vivem milhões de palestinos. Os nomes de Sabra e 
Shatila, Qana e Deir Yasin estão gravados fundo na história de nossa região, 
marcados pelo sangue do povo oprimido da Palestina. 
Mesmo 
hoje, 65 anos depois, o mesmo tipo de crimes marca o tratamento que recebem os 
Palestinos que restam nos territórios ocupados pelos ferozes lobos sionistas. 
Cometem crime após crime, e criam novas crises para toda a região. Raramente se 
passa um dia sem notícias de assassinatos, ferimentos, prisão de jovens que 
avançam para defender a própria terra e a própria honra e protestam contra a 
destruição de suas casas e pomares. 
E 
o regime sionista, que ainda não foi punido por seus crimes e causa conflitos, 
há décadas, e faz guerras desastrosas, mata, ocupa territórios árabes e organiza 
o estado de terror na região e no mundo... é ele, o próprio regime sionista, 
quem rotula de “terroristas” o povo palestino que, ainda e sempre, defende os 
próprios direitos usurpados. E as redes de imprensa, comunicações e mídia, que 
são propriedade do sionismo, muitos dos veículos da mercenária imprensa-empresa 
ocidental só fazem repetir a grande mentira que os sionistas inventam e 
divulgam; e violam, assim valores éticos e morais sem consideração aos quais o 
compromisso jornalístico nada é. E líderes políticos que se dizem defensores de 
direitos humanos, mantêm os olhos fechados para os crimes dos sionistas e apóiam 
esse regime criminoso e, desavergonhadamente, assumem o papel de defensores dos 
sionistas. 
Nossa 
posição é que a Palestina pertence aos palestinos e que a ocupação continuada é 
injustiça enorme e intolerável, além de grave ameaça à paz e à segurança 
globais. Todas as soluções sugeridas e adotadas pelos ocidentais e aliados para 
“resolver o problema da Palestina” deram em nada, e continuarão a dar em nada 
também para o futuro. 
Oferecemos 
proposta para solução justa e inteiramente democrática. Todos os palestinos – os 
atuais cidadãos e os que foram forçados a emigrar, mas preservaram a identidade 
palestina, inclusive muçulmanos, cristãos e judeus – devem votar num referendum 
cuidadosamente organizado e supervisionado para ser plenamente transparente 
e confiável, mediante o qual escolherão o sistema político que desejam para seu 
país; e todos os palestinos que há anos padecem os sofrimentos do exílio devem 
voltar ao país para também votar nesse referendum; isso feito, os palestinos 
redigirão uma Constituição; e, então, haverá eleições. A paz estará, afinal, 
estabelecida. 
Quero 
agora dar um bem-intencionado conselho aos políticos dos EUA que sempre aparecem 
para defender e apoiar o regime sionista. Até o presente, esse regime só criou 
incontáveis problemas também para vocês. Apresentou aos povos dessa região uma 
imagem de intolerância e ódio, que se agrega à própria imagem de vocês; 
mostra-os ao mundo como cúmplices dos crimes de ocupação e usurpação praticados 
pelos sionistas. O custo material e moral que pesa sobre o governo e o povo dos 
EUA, pelo apoio que alguns políticos norte-americanos dão aos sionistas, é 
espantosamente alto, e muito mais alto ainda poderá ser, no futuro. 
Considerem, 
portanto, a proposta de um referendum palestino, que lhes 
foi encaminhada pela República Islâmica. Em seguida, em decisão corajosa, 
salvem-se vocês mesmos dessa situação impossível, sem saída, na qual se veem 
hoje, aliados ao regime sionista ocupante e usurpador. Não há dúvidas que o povo 
dessa região e os homens e mulheres de pensamento justo e livre em todo o mundo 
acolherão com satisfação a notícia. 
Distintos 
hóspedes, gostaria agora de voltar ao meu ponto inicial. As condições globais 
são sensíveis; o mundo passa por conjuntura histórica crucial. Pode-se prever 
que logo nascerá uma nova ordem mundial. O Movimento dos Não Alinhados, no qual 
se incluem quase dois terços da comunidade mundial, pode desempenhar papel 
importante na modelagem desse futuro. 
A 
realização dessa grande conferência em Teerã é, por si mesma, evento importante, 
a ser levado em consideração. Ao unirmos nossos recursos e nossas competências e 
capacidades, os membros do Movimento dos Não Alinhados podemos criar novo e 
duradouro papel histórico, na direção de salvar o mundo da falta de segurança; 
dos perigos das guerras; e das ameaças da hegemonia. 
Esse 
objetivo só é alcançável mediante a cooperação abrangente entre todos nós. Há 
entre nós alguns países muito ricos; há países que gozam de importante 
influência internacional. É absolutamente possível encontrar soluções para 
muitos problemas mediante cooperação econômica e no campo da informação, das 
comunicações e da mídia, e mediante a troca de experiências que nos ajudem a 
melhorar e avançar. Precisamos fortalecer nossa determinação Temos de nos manter 
fieis aos nossos objetivos. 
Não 
temos o que temer das potências provocadoras e arrogantes, cada vez que nos 
fazem caretas e gritam, supondo que nos metam medo; nem temos de sorrir em 
resposta, cada vez que nos sorriem. Temos, para nosso apoio e suporte, o desejo 
de Deus e suas leis. 
Temos 
muito a aprender do que se viu acontecer ao campo comunista, há duas décadas. E 
também temos a aprender do fracasso das políticas da assim chamada “democracia 
liberal ocidental”, hoje. Os sinais do fracasso daquelas políticas são hoje bem 
visíveis nas ruas da Europa e dos EUA e nos problemas econômicos insolúveis nos 
quais se debatem aqueles países. 
Por 
fim, temos de considerar como grande oportunidade o Despertar Islâmico na região 
e o fim dos governos ditatoriais no Norte da África, que sempre foram governos 
dependentes dos EUA e cúmplices do regime sionista. Podemos ajudar a aumentar a 
“produtividade política” do Movimento dos Não Alinhados na governança global. 
Podemos preparar um documento histórico, que vise a provocar mudança nessa 
governança e contribua como ferramenta de governo e administração. Podemos 
construir planos para efetiva cooperação econômica e definir paradigmas de 
relacionamento cultural entre nós. E criar um secretariado ativo e mobilizado 
para o Movimento dos Não Alinhados será ajuda significativa, importante para que 
se alcancem os outros objetivos. 
Muito 
obrigado.


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