2013, a luta continua
Delúbio Soares (*)
No ano de 2012, como consequência natural do processo
social e político vivido desde 2002 em nosso país, chegamos à histórica
quadra onde todas as forças políticas se apresentaram. As forças
reacionárias que sempre conspiraram contra o Brasil, contra seu povo e
os objetivos maiores de desenvolvimento e justiça social, não puderam
mais esconder-se. Hoje, há mais transparência na vida institucional: o
povo sabe quem está contra ele.
Ao contrário do que muitos possam acreditar, não
retrocedemos nas muitas conquistas alcançadas desde a chegada do
companheiro Lula à presidência da República. Apesar do enorme esforço da
direita, de grande parte da mídia, da judicialização da vida
institucional e da tentativa de criminalização da atividade política,
não se arredou um centímetro sequer do muito que se avançou, com Lula e
com Dilma.
Nossos adversários políticos fracassaram em três eleições
presidenciais consecutivas. E pior: perderam o bonde da história e a
confiança popular. Falta-lhes voto, sobra-lhes ódio.
Como conseguirão fazer com que 40 milhões de brasileiros
que saíram da pobreza mais aviltante e ingressaram na classe média,
retornem às condições miseráveis em que viviam? O que farão com milhares
de jovens pobres, negros e indígenas, antes discriminados e sem
oportunidade, que encontraram abertos os portões das universidades
através do revolucionário Pro-Uni? Os expulsarão?
A elite mais reacionária e preconceituosa, que em 2012
transbordou em seu ódio ideológico, em seu preconceito social e na
congênita e sabida mesquinhez, não mais pode conter sua ira quando se
viu obrigada a viajar em aviões lotados por trabalhadores e suas
famílias, por exemplo. A autêntica perversão de reinar sobre um país
pauperizado, doente, sem instrução e sem amanhã, foi derrotada pelo
nascimento de uma Nação mais justa e fraterna.
Porém, há uma parcela importante da classe dominante,
representada por articulistas da grande imprensa, empresários
monopolistas e banqueiros ligados aos partidos da direita, como o PSDB e
o DEM, pseudo-intelectuais e oportunistas de toda sorte, que não
aceitam de forma alguma - claramente sofrendo inusitada dor íntima – o
fato de que um operário e uma ex-presa política chegaram à presidência
do Brasil e realizaram (e realizam) governos reconhecidamente exitosos,
competentes e com imenso prestígio nacional e internacional. Dói no
íntimo dessa malta de ressentidos que o seu escolhido, o incensado
“príncipe dos sociólogos”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um
ex-marxista envergonhado, carregue a marca de ter quebrado o Brasil em
três diferentes oportunidades, de ter vendido o melhor do patrimônio
público a preço vil em processo de privatização verdadeiramente lodoso,
de ser escondido a cada campanha eleitoral pelo seu próprio partido.
Sofrem com derrotas expressivas como a de José Serra, em São Paulo,
quando a população optou pela competência, a sensibilidade social e a
seriedade de Fernando Haddad, um ótimo ex-ministro de Lula e Dilma.
Não há razão objetiva para a oposição kamikaze que se move
contra as administrações petistas. Há o ódio de classe. Há a revanche
política. Há o preconceito ideológico. Há, sobejamente, o ressentimento
pelo fracasso demo-tucano e pelo cristalino êxito dos três mandatos de
Lula e Dilma. Simples assim.
Ainda agora assistimos, ao apagar das luzes de 2012, o
desespero da oposição, seja partidária seja midiática, buscando
desestabilizar o governo Dilma com críticas sem cabimento à política
econômica. Os mesmos que se calaram (e apoiaram, até) diante dos
seguidos fracassos da política entreguista e autoritária de FHC e Pedro
Malan, não buscam esconder a conspiração em andamento contra a
estabilidade econômica alcançada e a condução serena por parte do
ministro Guido Mantega.
Com enorme resiliência e comprovado espírito democrático, o
governo do PT e partidos da base aliada dá mostras de vitalidade e
competência. O comércio e a indústria no período das festas natalinas
venderam a impressionante cifra de aproximadamente R$ 200 bilhões,
ostentando dados robustos: 5,1% de aumento sobre as vendas no mesmo
período em 2011. As vendas nos shoppings aumentaram 6% em relação ao
exercício anterior. O comércio online chegou aos 18% de aumento! No Rio
Grande do Sul o crescimento foi de mais de 9%; em Belo Horizonte, de
significativos 5%; a média nos Estados do Nordeste foi de mais de 6%. O
poder de compra dos trabalhadores, da nova classe média, dos que
realmente trabalham e constroem a grandeza do país está movimentando
nossa economia. E isso é fruto do modo petista de governar.
Nossa crença no Brasil desenvolvido e forte, no país onde
se estabelece a cada dia uma democracia de oportunidades, na pátria
consolidada na justiça social, é inabalável. Ingênuos seríamos se
acreditássemos que se poderia transformar tanto nosso país, mudar de
forma tão evidente a correlação de forças, tirar da miséria, do
analfabetismo, do abandono por parte dos poderes públicos, dezenas de
milhões de irmãos nossos e não pagar o alto preço de tamanha e tão
sagrada ousadia. Mas qualquer sofrimento pessoal, qualquer proscrição
política, qualquer provação familiar, é nada diante da imensa certeza do
dever cumprido para com o Brasil e seu povo.
Há uma certeza, apenas: a marcha dos brasileiros rumo ao
futuro, consolidando conquistas, vivendo num país mais justo socialmente
e mais desenvolvido economicamente, com menos pobreza e mais igualdade,
é definitiva e não poderá jamais ser impedida ou evitada. Já sabemos
quem e quais são os vitoriosos da grande revolução pacífica que
iniciamos com Lula e continuamos com Dilma.
Viver é lutar. Quando em 1979 fundamos o PT (e eu e outros
muito poucos estávamos lá...) nós o fizemos como a concretização de um
sonho generoso. Nós já queríamos e lutávamos por um país onde os pobres
estudassem, comessem, tivessem sua casa e trabalho decente, pudessem
comprar um carro e viajar de avião. Sonhávamos abrir as universidades
para os filhos do povo. Queríamos governar para os negros, para as
mulheres, para os idosos, para as crianças, para os indígenas, para as
minorias. Fomos alvo da galhofa ou da descrença. Aguentamos as
perseguições e as incompreensões. Mas, vencemos. Diante de tamanha
realidade, todo sofrimento é pequeno se consagrado aos ideais que
acalentaram (e acalentarão sempre) nossas vidas.
Como no lema dos históricos partisans, que resistiram à
invasão da França pelo nazismo - e venceram - não importa o companheiro
que cai. Outro sairá da sombra, assumirá o seu lugar, levará adiante a
luta e vencerá. Isso é o que conta.
(*) Delúbio Soares é professor
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