sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Governo português cortou na saúde o dobro do que a troika exigia 01/02/2013


Estudo da OCDE mostra que os cortes com a saúde em Portugal foram muito superiores ao que fora negociado com a troika. Alemanha foi o único país a não reduzir despesa com saúde. Previsão é que em 2013 gastos com saúde representem 5,1% do PIB, quando em 2010 eram mais de 10% do PIB.
Despesa com a saúde em 2011 caiu 5,2% face a 2010, quando a média de todos os países que integram a organização foi de um crescimento de 0,7%. Foto de Paulete Matos
O governo português fez um corte de gastos no setor da saúde que representou o dobro do que era exigido no memorando de entendimento com a troika, afirma um relatório divulgado esta sexta-feira pela OCDE.
Trata-se do estudo “Health Spending Growth at Zero – Which countries, which sectors are most affected?” (Crescimento Zero dos Gastos com a Saúde – Que países, que setores são mais afetados?), que compara os cortes no sector da saúde em vários países. O estudo informa que a Alemanha foi o único país da OCDE que não teve um abrandamento na taxa de despesa em saúde em 2010, em comparação com os anos anteriores.
A OCDE afirma que o governo português assumiu o compromisso de fazer “poupanças significativas” no sector da saúde em 2011 e 2012, através de cortes nas despesas com o pessoal, de medidas de “concentração e racionalização” da oferta em centros de saúde e hospitais do Serviço Nacional de Saúde e de cortes nos benefícios obtidos através dos impostos, como as deduções de despesas em sede de IRS.
“Em Setembro de 2011, o país anunciou uma redução de 11% no orçamento do Serviço Nacional de Saúde para 2012, o dobro do corte do memorando de entendimento com a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional”, lê-se no documento.
Na tabela 1 do estudo, a OCDE mostra que a despesa com a saúde em 2011 caiu 5,2% face a 2010, quando a média de todos os países que integram a organização foi de um crescimento de 0,7%. Segundo as contas da instituição, o país deve alcançar em 2013 uma despesa pública com a saúde pouco superior a 5,1% do Produto Interno Bruto, quando a média da zona euro se estima que seja na ordem dos 7%. Em 2010, a despesa portuguesa representava mais de 10%.

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