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O offshore cipriota pode deixar de existir – é assim que os especialistas comentam as condições de concessão de ajuda financeira à ilha. Significará isto que o Ocidente declarou guerra aos offshores? É pouco provável. Os offshores são um importante fator de concorrência global, eles ajudam os líderes mundiais a contornar as regras do comércio internacional, que eles mesmos criaram.
Assim que as nuvens sobre o Chipre
 se cerraram, muitos economistas viram nisto o início de uma tendência: a
 União Europeia não quer tolerar offshores no seu território, o exemplo 
do Chipre mostra que destino terão os demais. Toda a economia mundial 
sofre com os “paraísos fiscais” – está convicto o diretor do Instituto 
de Globalização e Movimentos Sociais, Boris Kagarlitsky:
"Eles
 retiram da economia de outros países, inclusive os Estados Unidos, 
muito mais dinheiro do que da Rússia. Todas as economias industriais, 
mais ou menos desenvolvidas sentem os enormes prejuízos da offshorização da economia mundial."
Mas,
 considerando os offshores como o “pior dos males”, os principais 
países, no entanto, criaram não uma, mas várias jurisdições em 
territórios por eles controlados. A Grã-Bretanha criou offshores nas 
ilhas Man, Guernsey e Jersey ou nos domínios ultramarinos como 
Gibraltar. Os EUA usam as ilhas no Oceano Pacífico etc. É pouco provável
 que os governos procurem apenas a prosperidade dos homens de negócios 
desonestos e funcionários corruptos. A economia moderna não escapa aos 
offshores – considera o chefe de seção do Instituto de Economia Mundial e
 Relações Exteriores, Serguei Afontsev:
"Uma parte 
considerável da competitividade das grandes companhias no comércio 
internacional é baseada no uso hábil da jurisprudência de offshore. Se 
verificarmos como a Boeing realizou as suas operações na última década, 
veremos que foram feitas através das ilhas Caimão. Isso significa 
impostos mais baixos, maior competitividade da produção no mercado 
internacional. Assim como as companhias inglesas usam Guernsey e Jersey,
 as companhias continentais europeias usam as jurisdições 
correspondentes."
Alguns especialistas supõem até 
mesmo que os combates aos offshores se transformarão em uma 
contraposição global entre países e grandes companhias. Antes da crise, 
os governos conformavam-se com o fato de as companhias fugirem aos 
impostos, mas agora isto é um luxo imperdoável.
"Existe
 a OMC, que proíbe subsidiar as exportações. Consequentemente, nós não 
podemos diminuir os custos de exportação com subsídios. Mas nós podemos 
de fato reduzir os custos das operações de exportação fechando os olhos 
ao fato de que estas operações serem feitas através de offshores. De 
fato, é um mecanismo de subsídio indireto: nós renunciamos a parte dos 
impostos e por conta disto crescem as exportações das empresas 
nacionais. É cômodo? Sim, é cômodo."
Possivelmente 
por isso, as ações contra os offshores têm um caráter exclusivamente 
seletivo. Por exemplo, as autoridades da UE exigem a algumas jurisdições
 especiais a revelação da informação sobre os proprietários que lá 
guardam os seus capitais. E não em massa, mas através de requerimentos 
especialmente fundamentados. Para não incomodar, sem querer, a quem não é
 necessário.
Por que foram tão duros com o Chipre? 
Alguns especialistas consideram que o combate aos offshores não tem nada
 a ver com isso. Simplesmente os países ricos estão cansados de salvar 
as economias fracas à sua custa.
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