"A UE pode contar com o Brasil", ressaltou em entrevista coletiva com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. "É fundamental a coordenação política dos países para enfrentar este momento".
"O Brasil, e aqui estou certa que exprimo também a perspectiva das economias em desenvolvimento, está pronto a assumir a sua responsabilidade num espírito de cooperação. Somos parceiros da UE", reforçou.
Dilma afirmou ainda que os debates sobre a solução para a crise na região deve envolver também "toda a América do Sul". "É por isso que os ministros das Finanças da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) se encontrarão nos próximos dias para coordenar posições comuns".
Yves Herman/Reuters | ||
Dilma Rousseff participa de Cúpula com União Europeia e ajuda do Brasil para enfrentar a crise |
"A história nos mostra que a única saída para a crise é por meio do estímulo ao crescimento econômico, com políticas de estabilidade macroeconômica, combinada com políticas sociais", reforçou. "Não faz nenhum sentido a adoção apenas de medidas de austeridade".
DESCONTENTAMENTO
As declarações de Dilma foram feitas ao mesmo tempo em que um grande debate sobre medidas para combater a crise da dívida acontece na zona do euro, com alguns países, como Grécia e Itália, adotando cortes especialmente em áreas sociais.
Os dirigentes da UE elaboraram planos rígidos para sair da recessão, que incluem medidas drásticas de austeridade para os países em dificuldades.
"É preciso evitar que a população perca a esperança no futuro", disse. "Assim demonstra a experiência latino-americana nas décadas passadas".
Um dos principais focos da crise, a Grécia assiste nesta terça-feira a um novo dia de protestos por conta de tais medidas. Trabalhadores do setor público bloquearam o acesso a diversos ministérios para protestar, atrapalhando as negociações de inspetores da UE e do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre uma nova parcela da ajuda financeira ao país.
Virginia Mayo/Associated Press | ||
Dilma, à direita, concede entrevista ao lado de Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu |
NEGOCIAÇÕES
O Brasil integra o grupo emergente dos Brics, composto também por Rússia, Índia, China e África do Sul. Os membros recentemente se declararam dispostos a considerar, se necessário, um apoio à UE, via FMI ou outras instituições financeiras internacionais para enfrentar os desafios da estabilidade financeira mundial.
Com a visita de Dilma à Europa, haverá esforços para que os europeus abram seu mercado a alguns setores, como o de serviços, superando as restrições por temores competitivos. Há articulações também para que seja fechado um acordo de livre comércio em 2012. Segundo especialistas, com o acordo as possibilidades serão multiplicadas na geração de intercâmbio e até de empregos.
Barroso disse que o Brasil já é considerado uma potência e defendeu ser fundamental sua cooperação no combate aos impactos da crise. Apenas um "esforço conjunto" será capaz de impedir o agravamento da situação, disse.
O presidente da Comissão Europeia afirmou acreditar em um esforço conjunto quanto à economia. Segundo ele, será intensificado o "diálogo político" com o Brasil e ampliadas parcerias entre europeus e o Mercosul, no que seria um "ganho para ambas as regiões".
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