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Por Lilian Milena
Da Agência Dinheiro Vivo
Com a expansão econômica no Nordeste, 12 milhões de pessoas migraram para a Classe C durante os últimos oito anos. O aumento do PIB no centro Crato/Juazerio do norte do Ceará, por exemplo, foi de 28%, entre 2003 e 2008, e em Vitória da Conquista, Bahia, o crescimento do PIB municipal foi de 32%, no mesmo período. Em Picos, no Piauí, o aumento de empregos formais foi de 126%, enquanto a média do Brasil, de 2003 até 2009, foi de 55%.
Os fatores que explicam o dinamismo recente do Nordeste, segundo o diretor de Gestão do Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), José Sydrão de Alencar Júnior, são as políticas de valorização do salário-mínimo e as políticas sociais (Bolsa Família e previdência social). "De R$ 1 bilhão em políticas sociais no Nordeste, R$ 350 milhões, ou 35%, vão para as regiões Sul e Sudeste em forma de impostos pagos", contou durante o 15º Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado hoje (13), em São Paulo.
Para ele o país passa hoje por num processo de desenvolvimento que tem a ver com questões regionais. Nesse sentido o Nordeste deve fazer parte do projeto de um país que se quer desenvolvido, e as transferências sociais e as carteiras de investimentos voltadas ao micro e pequeno empreendedor foram fundamentais nesse sentido. Hoje, o BNB tem uma carteira com 1,5 milhão de clientes nesse perfil, sendo a média de inadimplência deles menor do que 2%.
"Temos alguns empreendedores copiando produtos chineses, a exemplo do que está acontecendo em Santa Cruz do Capibaribe, também com alta produção de confecções de baixo custo que são levadas para todo o país. Lá os empresários trabalham num circuito eficiente de fornecimento de peças para as feiras", conta o diretor. Para ele, os incentivos fiscais não são mais necessários para atrair investimentos privados aos estados. O Nordeste está alcançando um nível de crescimento relacionado ao aumento do poder de consumo da população, e em algumas regiões alcança o passo seguinte, que é ganhar autonomia capaz de manter por si só o ciclo de crescimento. Atualmente, o Nordeste responde por 1/5 do consumo de bens duráveis, por 1/3 das motos vendidas, e por 1/4 do comércio da linha branca, no país.
Desafio
Ainda existem cerca de 5 mil famílias que vivem no semi-árido nordestino através de uma agricultura com baixo nível tecnológico. Além disso, 1/3 da região está em processo de desertificação e degradação. A lenha é uma das principais fontes de energia utilizadas pelas famílias e indústrias locais.
Segundo Alencar Júnior, a região poderá contribuir ainda mais com o fornecimento de alimentos e produtos agrícolas no geral. “O mundo está passando por um processo de expansão das fronteiras agrícolas, inclusive na África, evento que obriga mudanças de logística de transporte no mundo”, explica, apontando como indicador a obra de aprofundamento do canal do Panamá – país situado na América Central -, que irá possibilitar a travessia de navios de até 220 mil toneladas. Naturalmente a melhoria nessa rota de transportes irá trazer impactos nos próximos 20 anos para o Porto de Santos, São Paulo. No Brasil, os portos das regiões Sul e Sudeste já estão saturados, e isso forçará investimentos na ampliação e construção de novos portos na região Nordeste.
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