Do site DefesaNet
Com EUA e Europa sob austeridade, relatório aponta estagnação nos gastos militares. Brasil fica aquém das ambições diplomáticas
Renata Tranches
Para ampliar sua projeção
internacional, o Brasil precisará investir muito mais do que faz hoje em
armamento. O país tem gastos com defesa inferiores aos de todos os
membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na comparação com os quatro parceiros do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul), supera apenas o último. Ainda assim, um relatório anual divulgado na terça-feira pelo Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri, por sua sigla em inglês) mostrou que o Brasil está entre os seis grandes investidores globais que reduziram as despesas com material bélico em 2011, por conta da crise financeira ou de ajustes orçamentários. Analistas da área de defesa e estratégia ouvidos pelo Correio são unânimes ao afirmar que a capacidade militar nacional está muito aquém das ambições da diplomacia brasileira.
Na comparação com os quatro parceiros do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul), supera apenas o último. Ainda assim, um relatório anual divulgado na terça-feira pelo Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri, por sua sigla em inglês) mostrou que o Brasil está entre os seis grandes investidores globais que reduziram as despesas com material bélico em 2011, por conta da crise financeira ou de ajustes orçamentários. Analistas da área de defesa e estratégia ouvidos pelo Correio são unânimes ao afirmar que a capacidade militar nacional está muito aquém das ambições da diplomacia brasileira.
Segundo o relatório do Sipri, a crise
global fez com que governos, especialmente no Ocidente, reduzissem os
gastos com armas. Em termos mundiais, os números praticamente
estagnaram, com um leve aumento de 0,3%.
O dado assinala o fim de uma tendência de elevação acentuada, mantida entre 1998 e 2010. "Os efeitos pós-crise, em particular as medidas para redução do deficit nos EUA e na Europa, acabaram com uma década de aumentos nas despesas militares, ao menos por enquanto", disse o chefe do Projeto Despesas militares do Sipri, Sam Perlo-Freeman, por meio de um comunicado. O cenário não impediu, porém, que China e Rússia aumentassem seus gastos. Nem que os americanos continuassem na liderança isolada em investimentos no setor (veja o mapa).
O dado assinala o fim de uma tendência de elevação acentuada, mantida entre 1998 e 2010. "Os efeitos pós-crise, em particular as medidas para redução do deficit nos EUA e na Europa, acabaram com uma década de aumentos nas despesas militares, ao menos por enquanto", disse o chefe do Projeto Despesas militares do Sipri, Sam Perlo-Freeman, por meio de um comunicado. O cenário não impediu, porém, que China e Rússia aumentassem seus gastos. Nem que os americanos continuassem na liderança isolada em investimentos no setor (veja o mapa).
A estagnação reforça um cenário que vem
sendo apontado nos últimos relatórios do instituto, segundo os quais as
despesas militares dos países latino-americanos, em especial do Brasil,
representam porcentagens muito baixas do Produto Interno Bruto (PIB). Em
2011, o país destinou 1,5% do PIB aos gastos militares. Desse montante,
porém, 70% a 80% foram gastos com folha de pagamento e previdência.
Segundo o analista Héctor Luis Saint-Pierre, consultor do Conselho de Defesa da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), estão incluídas nessas quantias as manobras militares com treinamentos, inclusive para missões de paz. "Tudo isso se contabiliza, mas não são gastos especificamente em armamentos", explica Saint-Pierre, que também é professor do programa de pós-graduação em relações internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP). "A proporção militar do Brasil não está à altura de sua projeção estratégica no cenário internacional".
Segundo o analista Héctor Luis Saint-Pierre, consultor do Conselho de Defesa da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), estão incluídas nessas quantias as manobras militares com treinamentos, inclusive para missões de paz. "Tudo isso se contabiliza, mas não são gastos especificamente em armamentos", explica Saint-Pierre, que também é professor do programa de pós-graduação em relações internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP). "A proporção militar do Brasil não está à altura de sua projeção estratégica no cenário internacional".
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