A Argentina quer seguir o caminho que a
China traçou em 1999, quando recuperou a ilha de Hong Kong, invadida
pelo Reino Unido em 1838, para aplicar o mesmo com as Ilhas Malvinas,
afirmou nesta quarta-feira o ministro da Defesa argentino, Arturo
Puricelli, em visita ao país asiático.
“A invasão das Malvinas pelo Reino Unido
aconteceu em 1833 e, a de Hong Kong, em 1838, cinco anos depois”,
lembrou. “A China conseguiu recuperar Hong Kong em 1999 pela via
diplomática. Nós queremos seguir esse caminho para recuperar nossas
Malvinas”, afirmou Purecilli em entrevista coletiva nesta quarta-feira
na embaixada argentina em Pequim.
O ministro, que está no país asiático
para fomentar a cooperação entre os dois países em matéria de defesa,
agradeceu a seu colega chinês, Liang Guanglie, com quem se reuniu ontem,
e ao vice-presidente da Comissão Militar Central da China, Guo Boxiong,
o apoio dado à Argentina na causa das Malvinas.
“Esperamos que continuem nos acompanhando
diplomaticamente como vêm fazendo até agora”, disse Puricelli, que
expôs suas expectativas de que a cooperação e integração em defesa de
ambos os países deem frutos com o tempo e possibilitem que a Argentina
adquira tecnologia que lhe proporcione autonomia em seu sistema de
defesa.
O político argentino, que visitará, além
da capital chinesa, Xangai, apontou diversas semelhanças pelas quais, em
sua opinião, existe um bom entendimento entre Pequim e Buenos Aires: a
“necessidade” de garantir às nações a integridade territorial e de serem
países “pacíficos” que “nunca invadiram” nenhum país.
Essa necessidade expressa se
materializaria, no caso da Argentina, com a integração das ilhas
Malvinas, South Sandwich, South Georgia e dos territórios marítimos ao
redor, e, no caso chinês, com a “unidade definitiva” de sua república
popular com a ilha de Taiwan, explicou o ministro da Defesa.
À imagem e semelhança do apoio mostrado
das autoridades comunistas à Argentina, Puricelli também expôs o
incentivo de Cristina Kirchner à China no caso de Taiwan.
CONVITE DA ONU
O Comitê de Descolonização da ONU
convocou Argentina e Reino Unido a iniciar negociações a fim de
encontrar uma solução pacífica, justa e duradoura sobre o conflito das
Ilhas Malvinas no mês passado, quando se completaram 30 anos do fim da
guerra entre os dois países que disputam a soberania do arquipélago.
Enquanto Londres defende sua soberania
com base no princípio de autodeterminação, a Argentina qualifica como
“anacronismo” continuar havendo “colônias” no mundo.
Em 2013, as Malvinas realizarão um
referendo para que os insulanos definam sua preferência. A respeito da
ideia, o ministro de Defesa argentino manifestou sua oposição em
repetidas ocasiões, já que, em sua opinião, “seria como se perguntassem
aos habitantes da Patagônia se querem continuar sendo argentinos”.
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