Do Olhar Digital
Aparelho astronômico ficará no Chile e terá uma lente de 40 metros de diâmetro
O Brasil pode ter uma oportunidade de ouro nas mãos se quiser
ingressar de vez no campo da astronomia. Isso porque está em andamento
um ambicioso projeto de construção do maior telescópio do mundo, no
Observatório La Silla, no Chile, e o nosso país participará do
desenvolvimento do aparelho. Situado em pleno deserto, a 600 quilômetros
de Santiago e a uma altura de 2.400 metros, o telescópio será o mais
potente já feito, contando com uma lente de 40 metros de diâmetro.
Em entrevista para a Agência Efe, o astrofísico Michel Mayor, que ao
lado de Didier Queloz descobriu o primeiro planeta fora do sistema solar
(exoplaneta), relembrou suas visitas a trabalho ao norte de Chile nos
últimos trinta anos. Mayor considera a região "excepcional" para a
observação do espaço. Para ele, o Brasil irá se beneficiar do
conhecimento adquirido pela instituição, mas precisará de mais de dez
anos de avaliações e estudos para confirmar sua viabilidade financeira e
técnica.
"É normal que o Brasil destine recursos para a astronomia e a melhor
solução foi se aderir ao ISSO, pois não fazia sentido para eles tentarem
construir meios de observação para competir com os que já existem",
explicou.
Sobre o Chile, o astrofísico destacou que o país desenvolveu "uma
astronomia de ponta" e que a razão disso foi o acesso a instrumentos
sofisticados espalhados em diferentes observatórios localizados no
Deserto do Atacama. Os cientistas chilenos têm direito a 10% do tempo
utilizado nos telescópios instalados em seu território, o que foi um
grande estímulo para a astronomia no país e uma das razões para o
aumento do número de profissionais da área.
Mayor também comentou os
avanços na pesquisa espacial, como o fato da sonda americana Voyager 1,
lançada em 1977, estar prestes a chegar no limite do sistema solar.
Alguns astrônomos veem com preocupação os grandes recursos destinados
para este fim, mas Mayor não compartilha esse temor porque acredita que
a observação realizada do próprio espaço "não vai substituir a
astronomia feita na terra", mas sim complementá-la.
Em mais de quarenta anos dedicados à física e à observação do
universo, o cientista acompanhou a evolução da astronomia e aponta o
avanço que mais o impressionou: "a aceleração da expansão do universo".
"Isto colocou em questão muito do que compreendemos do universo e de
seus mecanismos físicos", disse Mayor, que liderou a equipe que
desenvolveu o primeiro espectrógrafo, um instrumento que associado a um
telescópio permite estudar a luz das estrelas e descobrir a presença de
um ou mais planetas sob sua órbita.
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