Pescadores indianos que sobreviveram à saraivada de disparos de um navio militar dos Estados Unidos na costa dos Emirados Árabes Unidos contestaram a versão norte-americana de que o barco pesqueiro teria ignorado sucessivos avisos para se afastar da embarcação militar.
Imagem de arquivo sem data divulgada hoje mostra o petroleiro da Marinha dos EUA USNS Rappahannock
Foto: EFE
Foto: EFE
Um indiano morreu e três outros ficaram
feridos na segunda-feira por causa dos disparos feitos pelo navio de
reabastecimento USNS Rappahannock contra o barco pesqueiro.
O incidente mostrou o potencial para uma
rápida escalada em incidentes nas águas do golfo Pérsico, onde forças
dos Estados Unidos têm ampliado sua presença, em meio à tensão de
Washington com o Irã por causa do programa nuclear desse país.
Os militares dos EUA disseram que o
barco pesqueiro se aproximou perigosamente do navio militar e ignorou
vários avisos para se afastar. Mas os pescadores, hospitalizados com
ferimentos após o incidente perto do porto de Jebel Ali, em Dubai,
disseram nesta terça-feira que o barco pesqueiro tentou evitar qualquer
contato com o navio norte-americano e que os disparos começaram sem
aviso prévio.
“Não houve alerta nenhum do outro navio,
estávamos acelerando para tentar contorná-los e aí de repente fomos
alvejados”, disse à Reuters o pescador Muthu Muniraj, de 28 anos, que
teve as pernas perfuradas por estilhaços de um projétil calibre .50.
“Conhecemos os sinais e sons de alerta, e
não houve nenhum; foi muito repentino. Meu amigo foi morto, foi embora.
Não entendo o que aconteceu.”
Outros tripulantes do barco pesqueiro,
um total de seis indianos e dois cidadãos dos Emirados, contaram que o
barco foi alvejado depois de pescar nas águas próximas a Jebel Ali.
“Estávamos pescando e aí no caminho de
volta começaram a atirar em nós, muitos tiros, como uma tempestade”,
disse Muthu Kannan, de 35 anos, atingido no abdome e na parte inferior
de uma perna.
“Não é a primeira vez que saímos de
barco, e todos nós sabemos o que é um alerta”, disse Pandu Sanadhan, de
26 anos. “Tudo o que eu consigo me lembrar é de um monte de tiros.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário