Depois de legalizar o
aborto...
15/11/2012, Pablo Fernandez, Huffington Post
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Entreouvido
na Vila Vudu:
IMPRESSIONANTE! No Brasil, há “teóricos” [só rindo!] de televisão, até para
ensinar a macaquear os ternos de Obama (“Na cola de Obama: escolha o terno certo
para seu tipo físico”, Rede Globo, 29/11/2012 [1]).
Mas NÃO HÁ jornalismo no Brasil que informe sobre o Uruguai, nosso vizinho de
porta.
O
jornalismo brasileiro é o pior do mundo.
O
jornalismo do Huffington Post não é muito melhor. Na matéria abaixo,
suprimimos todos os trechos em que O JORNAL E O JORNALISTA
manifestam opiniões exclusivamente deles, representam exclusivamente o pensamento da
empresa-imprensa que publica a notícia e não interessam a ninguém mais que a
eles mesmos.
Assim,
corrigimos o enviesamento doentio, também do jornalismo norte-americano. Lá,
como cá, todos os jornalistas “ético-fascistas” defendem a “guerra às drogas” à
moda do Departamento de Estado dos EUA, vale dizer: à bala e bem preservados os
lucros estratosféricos das grandes empresas privadas do tráfico, que vivem de
corromper o Estado e as empresas-imprensa.
Processamento de maconha ou marijuana |
Montevidéu, Uruguai – (...) O
projeto de lei que será votado [provavelmente em 2013] no Congresso do Uruguai é
mais liberal do que o que foi proposto há meses pelo governo do presidente José
Mujica (...). [2]
O
projeto, se aprovado, criará um Instituto Nacional Cannabis, com competência
para autorizar indivíduos e empresas a produzir e vender maconha para consumo
recreacional e medicinal e para usos industriais. Permitirá também o cultivo
doméstico de pequenas quantidades de maconha e a a posse do produto para consumo
pessoal.
Coletta Youngers |
“A base do projeto e a mesma: criar mercados
controlados pelo Estado. O Estado participa com o quadro legal” – disse à Associated Press Coletta Youngers,
especialista em políticas para as drogas do Washington Office para a América Latina,
que trabalhou em Montevidéu como assessora dos parlamentares e outros
especialistas locais na redação da nova lei. “A principal diferença em relação ao projeto
original é que agora se incorporou a possibilidade de cultivo para uso pessoa e
criaram-se os “clubes cannabis” (cooperativas de produção e venda), que não
havia no projeto inicial”.
A
nova lei uruguaia visa a extinguir o mercado ilegal, permitindo que usuários
comprem maconha legalmente, sem alimentarem a indústria e o comércio ilegais e
violentos, que se servem da maconha para criar dependentes de drogas mais
pesadas, como cocaína e seus derivados. (...)
A
lei a ser votada permite que qualquer cidadão uruguaio cultive a planta (até
seis vasos e produza até 480 g de marijuana por floração) em casa e tenha em seu
poder até 40g. As pessoas podem-se unir em grupos legais de até 15 cultivadores
e usuários que, juntos, são autorizados a cultivar até 90 plantas e produzir até
7,2 kg
por ano. A lei preservará o sigilo quanto à identidade dos compradores.
Vários
aspectos da proposta são semelhantes à lei recentemente aprovada no estado do
Colorado, EUA, que também permite o cultivo doméstico de seis vasos por floração
para consumo pessoal. No estado de Washington, contudo, a lei não permite o
cultivo doméstico da planta. As novas leis, em todos os casos, manifestam
significativa mudança na opinião pública, sobre a marijuana, disse Youngers.
Pablo Fernandez |
“O governo uruguaio ainda está pesquisando
para definir o melhor modo de implementar as novas leis” – disse Youngers.
“Trata-se de um experimento. Nenhum país
tentou nada semelhante a isso. O Uruguai entende que precisa de uma lei geral,
que demarque o grande contexto, mas o governo quer preservar a máxima
flexibilidade para fazer os ajustes que se revelem necessários na prática”.
(...)
Juan
Vaz, ativista militante pró legalização da maconha no Uruguai, e que trabalhou
com os funcionários do governo uruguaio na redação do novo projeto, declarou-se
satisfeito com o texto encaminhado ao Congresso, mas disse que preferiria que as
cooperativas de plantação de maconha fossem maiores, com mais de 15 membros.
“Seja como for” – disse ele – “as coisas estão acontecendo. Muitos detalhes
ainda podem ser melhorados, mas vivemos tempos de mudança, para os quais não há
receitas prontas. Ninguém, antes, tentou esse caminho”.
Notas
dos tradutores
[1] 29/11/2012, TVGlobo, Mais Você, em: “Na
cola de Obama e 007: escolha o terno certo para seu tipo
físico”
[2] Sobre o projeto original,
19/9/2012, Programa de las Americas,
Raúl Zibechi em: Uruguay rechaza la “guerra
contra las drogas”, (em espanhol).
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