Pacote dispensa aprovação do Parlamento cipriota; depósitos acima de 100 mil euros serão atingidos
Após um domingo de especulações, em que uma eventual renúncia do presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, estava na mesa, a troika garantiu na madrugada desta segunda-feira (25/03) o empréstimo de 10 bilhões de euros (cerca de R$ 26 bi) à ilha, que deverá dissolver seu segundo maior banco e taxar incisivamente poupanças com saldo acima de 100 mil euros (ou R$ 260 mil).
O pacote, considerado definitivo, dispensa aprovação do Parlamento cipriota. As medidas defendidas pelos 17 ministros das Finanças da zona do euro, conhecido como Eurogrupo, pretendem manter o Chipre dentro do bloco e salvar a moeda única. O país, no entanto, passará por uma reestruturação completa de seu sistema financeiro, sete vezes maior do que a economia real da ilha.
“Haverá uma redução apropriada do setor financeiro, com o setor bancário doméstico atingindo a média da União Europeia até 2018”, afirmou o Eurogrupo, em nota lida por seu presidente, Jeroen Dijsselbloem. “Além disso, as autoridades cipriotas reafirmaram seu compromisso em aumentar os esforços nas áreas de consolidação fiscal, reformas estruturais e privatizações.”
A reestruturação da economia do país terá participação direta do FMI (Fundo Monetário Internacional), confirmada pela presidente da instituição, Christine Lagarde. Enquanto isso, os bancos do Chipre continuam fechados e os saques estão limitados a 100 euros por dia para impedir a fuga de capital. A aprovação formal do pacote está prevista para a terceira semana de abril.
Olli Rehn, comissário europeu para assuntos econômicos e monetários, admitiu que “o futuro próximo será bastante difícil para o Chipre e para seu povo”. “A Comissão [Europeia, parte da troika] fará de tudo para aliviar as consequências desse choque econômico e ajudar a defender as pessoas mais vulneráveis”, afirmou.
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, peça principal no xadrez econômico do bloco, disse considerar o acordo “justo” e que o setor financeiro será reduzido a três vezes o PIB da ilha. O Banco Popular do Chipre, o segundo maior do país, será dissolvido. Os depósitos abaixo de 100 mil euros serão congelados e transferidos para o Banco do Chipre, o principal da ilha.
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