quinta-feira, 25 de abril de 2013

Hoje na História: 1507 – Ed Waldseemüller inventa expressão "América" para o Novo Mundo 25/04/2013

Do Opera Mundi

Nome é uma homenagem ao navegador florentino Américo Vespúcio, que viajou com Cristóvão Colombo
Em 24 de abril de 1507 pouca gente prestou atenção à impressão em Saint-Dié de um documento de cartografia. Era um comentário anexado a um grande mapa-múndi intitulado Universalis Cosmographiæ e desenhado pelo monge geógrafo Martin Waldseemüller.
Quinze anos depois que Cristóvão Colombo pôs os pés numa ilha das Antilhas, este documento com tiragem de mil exemplares iria revolucionar a percepção que os homens tinham de seu planeta mostrando as terras descobertas pelo navegador genovês e que constituíam um Novo Mundo e não apenas um apêndice da Ásia. Por uma singular injustiça do destino, esse Novo Mundo assumiria o prenome de um garrido florentino sem maiores méritos.
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O comentário estava dividido em duas partes. A primeira descrevia o projeto de uma nova geografia. A segunda transcrevia em latim a carta pela qual o navegador florentino Américo Vespúcio narrava suas viagens. No capítulo IX da Introdução à Cosmografia, pode-se ler em latim a ata de batismo de um novo continente: “Hoje essas partes da Terra – Europa, Ásia e África – foram mais completamente exploradas e uma quarta parte foi descoberta por Américo Vespúcio como veremos adiante. E como a Europa e a Ásia receberam nomes de mulheres, não vejo nenhuma razão para não chamar essa outra parte de América, ou seja, terra de Américo, segundo o homem sagaz que a descobriu. Poderemos nos informar exatamente sobre a localização dessa terra e sobre os costumes de seus habitantes pelas quatro viagens de Américo que seguem.”

Numa das margens estava impressa pela primeira vez a palavra América, fadada a um imenso destino.

Em junho de 1498, depois de Colombo e de alguns outros navegadores como o espanhol Alonzo de Ojeda, uma esquadra explora o Oceano Atlântico por conta do rei Ferdinando de Aragão, acostando na Florida, entre a baía de Chesapeake e o atual cabo Canaveral.

A esquadra é comandada por Juan Diaz de Solis e por Vincent Pinzon, quem comandara a Niña quando da primeira viagem de Colombo. A seu lado figurava um homem de 46 anos, filho de uma rica família de Florença, Américo Vespúcio.

A família de Américo era ligada aos Médicis que governavam a República de Florença. O navegador teve o cuidado de enviar cartas e documentos a Lorenzo di Medici a fim de informá-lo de suas viagens e de se dar valor.

Sua carta, judiciosamente intitulada de “Mondus Novus”, é um relato em italiano destinado a leitores cultos mas que não conheciam técnicas de navegação. Granjeou bastante sucesso, especialmente porque contava histórias sobre a vida sexual dos indígenas.

Traduzido em vários idiomas, circulou a partir de 1503 pela Europa. Numa versão latina pôde-se ler: “A fim que as pessoas instruídas possam ver como coisas prodigiosas foram percebidas durante esses dias”.

Martin Waldseemüller, que se fez chamar de “Hylacomylus”, toma conhecimento, no mesmo ano, da carta de Américo. O cartógrafo tratou de atualizar seus mapas e
explicou por quê as novas terras deveriam ser nomeadas segundo os seus descobridores.

Américo Vespúcio nasceu em Florença em 9 de maio de 1452 numa família bastante rica. Terceiro filho de Nastagio e Lisa Vespúcio, estudou Platão, Virgílio, Dante e Petrarca mas se destinou ao comércio. Por volta de 1491, foi enviado a Sevilha como agente dos Medici, o que lhe permitiu entrar em contato com o banqueiro Gianetto Berardi, financiador de diversas expedições marítimas espanholas.

Vespúcio encontra-se com Colombo na casa de Berardi e se interessa pela navegação, a cartografia e a cosmografia. Participa do afretamento das frotas de Colombo e não tarda ele mesmo a buscar o mar. Depois da Flórida, o Brasil. Morreu em 1512.

Em 1513, seis anos após a primeira publicação de um mapa indicando a existência de um Novo Mundo, Martin Waldseemüller publica uma atualização pelo editor Jean Schott, de Estrasburgo.

Curiosamente, sobre esta nova carta conservada pela Biblioteca Nacional e Universitária de Estrasburgo, o nome “América” é substituído por “Terra Incógnita” e somente o nome de Colombo é mencionado. Todavia, já era muito tarde para modificar a prática nascida da publicação de 1507.

Em 1538, o cartógrafo flamengo Mercator retoma o nome “América” em um de seus mapas. O Novo Mundo seria batizado a partir de então e para a eternidade como América.

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