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O Supremo Tribunal da Índia rejeitou, esta
segunda-feira, o registo da patente de um tratamento contra a leucemia
solicitado pela Novartis. É um dos mais duros reveses para a indústria
farmacêutica mundial, e um precedente que não deixará de ser utilizado
por outros países em vias de desenvolvimento que lutam por um acesso
mais abrangente de genéricos.
De acordo com a "Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais", dos Médicos Sem Fronteiras, o Glivec custa 3100 euros por mês por cada paciente, enquanto a versão genérica está disponível por menos de 60 euros. A decisão judicial foi aplaudida por várias associações que lutam pela diminuição das restrições comerciais à utilização de genéricos, de medicamentos comerciais que podem custar vários milhares de euros, nos países em vias de desenvolvimentos
A multinacional farmacêutica garante, em comunicado, que fornece gratuitamente a medicamentação a 9 em cada 10 doentes na Índia e que não o deixará de fazer depois desta decisão. Esta posição da Novartis contradiz a edição de domingo do Financial Times, onde a empresa ameaçava retaliar com a suspensão do fornecimento de medicamentos para a Índia caso a decisão judicial lhe fosse desfavorável.
A Índia respeita, desde 2005, os tratados de propriedade intelectual da Organização Mundial de Comércio. Como recorda o Supremo Tribunal no seu acórdão, a rejeição da patente Glivec “não significa que a Seção 3 (d) exclui da proteção de patentes invenções incrementais todos os produtos farmacêuticos e produtos químicos.
A legislação indiana, no entanto, estipula que se uma empresa farmacêutica não garante o acesso da medicamentação a um preço acessível ao custo de vida no país, pode ser emitida uma “licença compulsória” para a comercialização de um substituto genérico.
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