Esquerda.Net
Quis-se dar a impressão de que a crise está sob
controlo, com quedas nos prémios de risco, leves melhorias no emprego
(efeito Verão) e aumentos de confiança. Mas tudo isto é até certo ponto
enganador. Os dados relevantes como o investimento, o consumo e a
produção industrial continuam a cair e ainda não tocaram no fundo. Por
Marco Antonio Moreno, El Blog Salmón
O tema é preocupante porque a seis anos da explosão da crise não existe nenhuma opção clara de saída. Confirma-se que as milionárias injeções de dinheiro na banca não deram os resultados esperados e que os audazes planos de liquidez foram uma arma de dois gumes. Podem justamente desencadear a próxima crise (uma nova crise dentro da atual crise em curso), mal os bancos centrais começarem a retroceder, com toda a sua artilharia financeira convertida em verdadeiro ferro velho. E a própria velocidade deste movimento pode desencadear o novo tsunami. A contenção da crise por parte dos bancos centrais não injetou força à economia real, e a desconexão entre ambas esferas tornou-se manifesta. Sem um apoio eficaz da política fiscal, a política monetária é como uma carga de cavalaria sem o apoio da infantaria, isto é, um suicídio. As políticas monetárias têm tido um desdobramento de impacto, mas sem o apoio de outras políticas chegam a um ponto morto. Isto acontece porque se pretende curar o paciente com mais dose do mesmo veneno que provocou a crise. Outra metáfora que temos usado para isto é a de “apagar o incêndio com gasolina”.
No momento atual vive-se o curioso fenómeno de que tanto o Banco Central Europeu como a Reserva Federal dos Estados Unidos disputam a taxa de juros mais baixa. Isto tem provocado uma nova bolha de crédito a nível global (com empréstimos a bancos de todo mundo) que correrão sérios riscos quando a Fed começar a elevar as taxas de juros. A atual situação não é de modo algum sustentável e recorda as baixas taxas do período 2002/2003, que facilitaram a bolha subprime e a sua explosão quatro anos mais tarde. O aumento das taxas será o momento em que vários países da periferia europeia não poderão pagar e deverão ocorrer saques em massa da sua dívida. Nalguns casos a dívida será reprogramada, mas ambas situações abalarão fortemente os bancos, e desta vez não haverá governo algum em condições de praticar um resgate. As bolhas de crédito sempre entram em colapso e dão origem as grandes crises financeiras. Nunca se aprendem as lições da história. Tropeçamos uma e outra vez na mesma pedra. Deixo-vos com este interessante documentário sobre a crise de 1929, que tem muitas semelhanças à crise atual.
3 de agosto de 2013
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net
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