segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Reino Unido tinha discurso pronto para Terceira Guerra Mundial contra a URSS em 1983 05/08/2013

Opera Mundi

Na época, Margaret Thatcher estava convencida de que haveria um ataque do bloco soviético, reunido sob pacto de Varsóvia

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Documentos do Arquivo Nacional Britânico mostram que a ex-primeira-ministra Margareth Thatcher (foto à esquerda) mandou encomendar um discurso para anunciar o início da III Guerra Mundial.
O discurso seria preferido pela Rainha Elizabeth II em cadeia nacional no dia 4 de março de 1983, conforme indicam os registros do governo britânico, segundo o jornal britânico Guardian.

Na ocasião, Thatcher estava convencida de que haveria um ataque do bloco soviético, reunido sob o pacto de Varsóvia. Por sua vez, as forças ocidentais estavam unidas pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Para evitar um ataque do bloco comunista, tropas da OTAN realizaram exercícios militares, preparando-se para responder a um ataque soviético feito com armas químicas.

Essa foi apenas uma parte de um exercício bélico muito maior. Com isso, toda a situação envolvendo um ataque da União Soviética à Inglaterra foi simulada. Assessores da primeira-ministra escreveram um texto na avenida Whitehall – a grande via que corta Londres, entre o Parlamento e a Trafalgar Square –, onde ficam os ministérios. No gabinete de crise, na sede do governo em Downing Street, o assessor David Goodall “interpretava” Thatcher.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, a simulação previa ainda um ataque a navios da Marinha britânica, o lançamento de armas químicas contra o território inglês e, poucos dias após esse ataque inicial, tanto as tropas da OTAN quanto as do Pacto de Varsóvia estariam prontas para desfechar um ataque com armas nucleares. Em suma, seria o início de uma eventual Terceira Guerra Mundial.

Mas, um mero exercício bélico quase desencadeou um conflito  entre os dois blocos militares  e isso tornaria o texto uma realidade. Os soviéticos tinham derrubado um avião sul-coreano que adentrou o espaço áreo da URSS em 1º de setembro de 1983. Para agravar a situação, um exercício da OTAN em novembro de 1983, batizado Abie Archer, foi entendido pela URSS como uma ação de fachada para encobrir um ataque ao território soviético. Apenas em 1986, Reagan e Gorbatchev, líderes de EUA e URSS, negociariam uma redução do arsenal nuclear dos dois países.
Texto

Revelado sob as regras do governo britânico, que exige sigilo de 30 anos em documentos oficiais, o texto inicia com uma lembrança ao discurso natalino da Rainha em dezembro de 1982. Em seguida, o discurso remete ao pronunciamento de George VI (pai de Elizabeth II) em 1º de setembro de 1939, por ocasião do início da Segunda Guerra Mundial e da luta contra o nazismo.

"Nunca esqueci da dor e do orgulho que senti, ao ouvir junto com a minha irmã em nosso quarto, as palavras inspiradoras de meu pai [rei George 6º] sobre aquele dia fatal em 1939 [início da Segunda Guerra]. Em nenhum momento eu poderia imaginar que esta tarefa solene, porém terrível, cairia um dia sobre mim", diz o texto.
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A futura Rainha Elizabeth II posa em frente a uma ambulância durante a Segunda Guerra Mundial, em abril de 1945

Em tom mais pessoal, ela lembra o papel do filho Andrew na guerra hipotética. "Meu filho amado Andrew está em ação neste momento e nós rezamos sem parar por sua segurança e de todos os homens e mulheres envolvidos dentro do país e no exterior."

O texto é encerrado com  um apelo para que os britânicos ajudem uns aos outros. "Se as famílias permanecerem unidas, oferecendo abrigo aos mais desprotegidos, a determinação do nosso país em sobreviver não poderá ser quebrada."

Veja a íntegra do discurso original (em inglês)

When I spoke to you less than three months ago we were all enjoying the warmth and fellowship of a family Christmas.

Our thoughts were concentrated on the strong links that bind each generation to the ones that came before and those that will follow.

The horrors of war could not have seemed more remote as my family and I shared our Christmas joy with the growing family of the Commonwealth.

Now this madness of war is once more spreading through the world and our brave country must again prepare itself to survive against great odds.

I have never forgotten the sorrow and the pride I felt as my sister and I huddled around the nursery wireless set listening to my father’s inspiring words on that fateful day in 1939.

Not for a single moment did I imagine that this solemn and awful duty would one day fall to me.

We all know that the dangers facing us today are greater by far than at any time in our long history.

The enemy is not the soldier with his rifle nor even the airman prowling the skies above our cities and towns but the deadly power of abused technology.

But whatever terrors lie in wait for us all the qualities that have helped to keep our freedom intact twice already during this sad century will once more be our strength.

My husband and I share with families up and down the land the fear we feel for sons and daughters, husbands and brothers who have left our side to serve their country.

My beloved son Andrew is at this moment in action with his unit and we pray continually for his safety and for the safety of all servicemen and women at home and overseas.

It is this close bond of family life that must be our greatest defence against the unknown.

If families remain united and resolute, giving shelter to those living alone and unprotected, our country’s will to survive cannot be broken.

My message to you therefore is simple. Help those who cannot help themselves, give comfort to the lonely and the homeless and let your family become the focus of hope and life to those who need it.

As we strive together to fight off the new evil let us pray for our country and men of goodwill wherever they may be.

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