O G20 encerrou nesta sexta-feira (4) a cúpula realizada em Cannes, na França, impondo medidas que não solucionam a crise econômica que os países da Zona do Euro atravessam.
Os líderes das vinte maiores economias do planeta não chegaram a um acordo concreto para dar solução à crise. A razão é mais do que óbvia para os que não nutrem ilusões com os arranjos do imperialismo. Trata-se de uma crise sistêmica, estrutural, e não é uma reunião entre países espoliadores e os emergentes que vai solucioná-la. Sobra retórica vazia na declaração. Os países concordaram em "a adotar políticas para restaurar a confiança", sem estabelecer que políticas são essas. Afirmaram também que manterão as políticas restritivas antipopulares que adotaram.
Apesar de anunciaram a chegada a um consenso e a um compromisso, o G20 promete reforçar os meios financeiros do FMI, mas sem especificar a maneira como se concretizará tal contribuição. É umatentativa de reforçar organismos supranacionais do capital financeiro internacional.
Segundo o comunicado final, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Coreia, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos reafirmaram que estão comprometidos com a consolidação fiscal e com a redução do déficit de 2013 a níveis de 2010, assim como a estabilizar ou reduzir suas dívidas públicas até 2016.
Os EUA, por sua vez, pretendem implementar um pacote de medidas a curto e longo prazo para "estimular" a recuperação econômica. Mais uma vez, não foram revelados quais são as medidas do pacote que vão proceder a essa mágica.
Os povos que sofrerão de imediato os efeitos dessa cúpula foram o grego e o italiano. Portugal e Espanha, já antes da cúpula, tinham adotado medidas antinacionais e antipopulares no quadro da crise européia.
O presidente francês Nicolás Sarkozy festejou a imposição à Grécia de negar a realização de um referendo sobre o acordo feito no dia 27 de outubro com a zona do euro, para a concessão do resgate econômico a Atenas. A atitude revela mais uma vez o instinto
antidemocrático do capitalismo, que arrepiou os cabelos na última segunda-feira (1º/11) ao ouvir a palavra "referendo" ser pronunciada em grego.
Sarkozy também festejou a imposição de "medidas para renovar a confiança", como pedir à Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que fiscalizem a implementação de suas reformas na Itália.
Segundo o G20, Brasil, Austrália, Canadá, China, Alemanha, Coreia do Sul e Indonésia, nações com finanças públicas sob controle, se comprometeram, a estimular "medidas fiscais" que impulsionem o crescimento e a demanda.
O G20 e o Brasil
Sem muito entusiasmo, a presidente Dilma Rousseff declarou após o encontro que a cúpula do G20 teve apenas um "sucesso relativo". O Brasil descartou a possibilidade de uma contribuição para o Fundo Europeu de Estabilização. A presidente Dilma Rousseff reiterou nesta sexta-feira, em entravista coletiva após a cúpula, que o Brasil está disposto a contribuir com recursos para o Fundo Monetário Internacional (FMI), na busca de evitar o agravamento da crise financeira internacional.
“Não tenho a menor intenção de fazer nenhuma contribuição direta para o Fundo de Estabilização Europeu. Faço a contribuição para o FMI porque dinheiro brasileiro de reserva é dinheiro que você protege, foi tirado com suor do nosso povo, então, não pode ser usado de qualquer jeito. Aportamos no FMI pelo fato de que o fundo nos dá garantias”, disse em entrevista coletiva após o encerramento da reunião da Cúpula do G20.
A presidente relatou ainda que as preocupações do encontro do G20 foram a estabilidade global e as consequências sociais da crise econômica. Segundo ela, as nações em desenvolvimento voltaram a pedir a mudança de governança do FMI.
Dilma reiterou também que o Brasil concorda com uma taxação global sobre operações financeiras cujos recursos seriam destinados a investimentos sociais. Segundo ela, esse é um ponto em que não há consenso entre os países que participaram das discussões no G20. “Tem países onde o serviço financeiro é a fonte principal de recursos. Eles são contra”, explicou.
Com agências
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