O governo federal prepara até o fim do ano um pacote de incentivos para desenvolver a indústria de telas para eletrônicos (displays) e semicondutores no país.
Trata-se da modificação no texto do Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores), criado em 2007 para impulsionar o setor, mas que se mostrou insuficiente para atrair empresas até agora.
Isenção fiscal para as telas de cristal líquido (LCD) e LED também será incluída no programa.
"A revisão do texto está sendo trabalhada neste momento e, até o fim do ano, sairá uma medida provisória que vai reduzir os impostos praticamente a zero para fomentar o setor", disse hoje o secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia, Virgílio Almeida, durante evento promovido pela revista "The Economist" em São Paulo.
As medidas propostas contemplam redução de PIS, Cofins e a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Entre outras iniciativas de incentivo está o programa de formação de engenheiros especializados no desenvolvimento das telas, que demandam qualificação principalmente na integração com circuitos eletrônicos.
"Há um esforço para formar pelo menos mil engenheiros especializados em displays ao longo dos próximos dois anos, algo que poderá também atrair as empresas", disse.
Até agora apenas a Foxconn, fabricante dos eletrônicos da Apple, negocia ativamente com o governo para instalação de uma base industrial de displays, segundo o secretário.
Almeida indicou ainda que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) está em fase final para "arquitetar" como poderá ser formado o grupo de investidores que deve apoiar a criação das fábricas, já que os investimentos bilionários não devem partir apenas das empresas. Além do banco, investidores privados brasileiros são cotados para apoiar o projeto.
"Até hoje, apenas Coreia do Sul, Japão, Taiwan e regiões da China mantêm fábricas do gênero. Em todos eles o governo teve participação ativa para formar o ecossistema produtivo", afirmou.
Almeida ressaltou ainda que a reforma no Padis poderá favorecer a atração de empresas para reduzir o volume de importações em componentes. Por ano, o deficit na balança comercial de eletrônicos em semicondutores chega a US$ 17 bilhões.
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