Os projetos de infraestrutura e meio ambiente representaram quase 61% dos recursos
Francisco Carlos de Assis, da Agência Estado
SÃO PAULO - O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) desembolsou US$ 8,3 bilhões neste ano para países latino-americanos e caribenhos, segundo relatório de final de ano do banco, assinado pelo presidente da instituição, Luis Alberto Moreno. O valor poderia ter sido maior já que, segundo o documento divulgado hoje pela assessoria de imprensa do BID, o organismo aprovou neste ano 162 operações para a região que ultrapassaram US$ 10,8 bilhões. Esses valores, segundo Moreno, confirmam o Banco como uma das principais fontes multilaterais de recursos financeiros para os países latino-americanos e caribenhos, especialmente para os países menores e mais vulneráveis, que foram beneficiados com 36% do total dos financiamentos neste ano. Ainda de acordo com o relatório, os projetos de infraestrutura e meio ambiente representaram quase 61% dos recursos; os de fortalecimento institucional e financeiro, 29%; os programas sociais, 9% e os de integração e comércio, 1%. As operações sem garantia soberana, que fornecem financiamento a empresas privadas e bancos comerciais da região, totalizaram US$ 1,436 bilhão.
Crescimento em 2011
Moreno considerou que os países da América Latina e Caribe encerram 2011 com sucesso econômico, mas que ainda estão expostos a repercussões de crises externas. Para o BID, embora a incerteza no âmbito internacional tenha reduzido o ritmo da recuperação global em 2011, as economias latino-americanas e caribenhas tiveram crescimento de 4,3%. As entradas de capitais nos maiores países da região atingiram um recorde de US$ 354 bilhões.
Câmbio sólido
A porcentagem da população em situação de pobreza continuou a cair, chegando a uma estimativa de 30,4% para 2011. A mesma tendência registrou-se no desemprego urbano, que caiu para 6,9% da força de trabalho. "A região está indo por um bom caminho", assegurou Moreno. "Temos economias mais fortes, com uma posição cambial sólida, baixos níveis de endividamento e um setor financeiro solvente e bem regulado. Contamos ainda com governos democráticos que são cada vez mais efetivos na redução da pobreza estrutural, na cobertura dos serviços públicos e na construção de infraestrutura".
O presidente do BID acrescentou também que os países latino-americanos e caribenhos não devem se acomodar diante do bom desempenho obtido em anos recentes. Isso porque as perspectivas da região continuam vulneráveis a fatores externos como a crise financeira europeia, o déficit fiscal norte-americano ou uma desaceleração da economia chinesa.
"Embora tenhamos motivos verdadeiros para estar satisfeitos com o que conquistamos, quero destacar que a tarefa não está completa. Os riscos estão presentes e ainda enfrentamos uma extensa lista de assuntos pendentes para que a região consolide os sucessos alcançados e continue avançando", advertiu Moreno. "Nosso principal inimigo é a complacência. Pensar que já podemos baixar a guarda e diminuir o impulso das reformas seria um erro imperdoável", alertou.
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