Por Larissa Garcia
No dia em que entraram em vigor as novas
exigências do Brasil para a entrada de turistas espanhóis — medida de
reciprocidade aos requisitos impostos aos brasileiros na Espanha —, o
Itamaraty deu sinais de que há um diálogo positivo entre os dois
governos e que um acordo pode ser alcançado nas próximas reuniões. Desde
ontem, para desembarcar em território brasileiro, eles têm de
apresentar passaporte com validade mínima de seis meses e bilhetes
aéreos de ida e volta, além de comprovar condições financeiras para se
manter durante a estada, com o equivalente a R$ 170 por dia. Além disso,
têm de dar garantias de hospedagem — reserva de hotel ou carta-convite e
comprovante de residência do morador que o receberá.
O embaixador da Espanha no Brasil,
Manuel de la Cámara, confirmou a possibilidade de um acerto. Ele afirmou
que o objetivo é diminuir as exigências para a entrada de turistas em
ambos os países. De acordo com o diplomata, os dois governos são “muito
amigos” e o sucesso das negociações beneficiaria a ambos os lados, já
que o Brasil passa por um bom momento econômico e a Espanha vive uma
dura crise. O Itamaraty e a Polícia Federal não tinham, até o início da
noite, um balanço de quantos turistas foram barrados no primeiro dia das
novas medidas. Atualmente, mais de 60 mil espanhóis vivem no Brasil.
No ano passado, de cada cinco
estrangeiros barrados na Espanha, um era brasileiro. Nos quatro anos de
vigência das regras exigidas pelas autoridades espanholas, mais de 10
mil brasileiros tiveram a entrada negada, dos quais 1,4 mil apenas em
2011. No início do mês passado, a Espanha deportou uma idosa que chegara
ao Aeroporto Internacional de Barajas, em Madri, para visitar parentes
que moram na capital espanhola. Dionísia Rosa da Silva, 77 anos,
desembarcou acompanhada de uma neta, mas foi barrada na imigração por
falta da carta-convite exigida para comprovar que se hospedaria com
familiares, ou de um comprovante de reserva em hotel, embora tenha
apresentado passagem de retorno ao Brasil.
Ela teve de esperar três dias no
terminal para voltar a Sumaré, no interior de São Paulo, onde mora. O
Itamaraty cobrou uma explicação sobre o caso após a ministra da
Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, ter enviado uma
carta à chancelaria. O governo brasileiro anunciou que investigaria
alegações de maus-tratos a cidadãos brasileiros que tentam entrar em
território espanhol. O incidente de março foi a gota d”água para o
governo brasileiro colocar em prática o princípio diplomático da
reciprocidade. Desde então, 10 turistas voltaram à Espanha assim que
desembarcaram em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A “guerra das deportações” teve um ponto
alto em fevereiro de 2008, quando 535 brasileiros foram barrados na
Espanha. Na época, o Itamaraty reagiu duramente e a Polícia Federal
impediu que 24 espanhóis entrassem no Brasil.
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