As amplas medidas de austeridade adotadas em países de toda a União
Europeia (UE) são autodestrutivas e sufocam o crescimento econômico, além de
elevar - em vez de reduzir - a relação da dívida, afirma um estudo do Instituto
Nacional para
Pesquisa Econômica e Social (Niesr, na sigla em inglês),
sediado em Londres. Ao examinar a consolidação fiscal coordenada
da Europa, o instituto disse que a relação da dívida e
o Produto Interno Bruto (PIB) será cerca de
cinco pontos porcentuais mais alta tanto no Reino Unido quanto na zona
do euro
por causa dos cortes de despesas e elevação de impostos entre 2011 e
2013.O Niesr disse que as implicações de seu estudo - que é o
primeiro a simular o impacto quantitativo de medidas de austeridade
coordenadas
na UE - é que a atual estratégia de austeridade aplicada por países de
forma
individual, assim como na UE como um todo, é fundamentalmente falha e
está
tornando as coisas piores. "Não apenas o crescimento seria mais alto se
tais políticas não tivessem sido aplicadas, mas a relação dívida/PIB
seria
menor", diz o documento, escrito
pelos economistas Dawn Holland e Jonathan Portes. "É irônico que, embora a
UE tenha sido criada em parte para evitar falhas de coordenação em políticas
econômicas, o bloco deve fazer exatamente o oposto."As conclusões do Niesr vão
intensificar o debate no Reino Unido e em outros países altamente endividados
do Ocidente sobre cortes de gastos versus estímulos, em meio às crescentes
evidências de que as medidas de austeridade são um grande impedimento ao
crescimento.No início deste mês, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) admitiu que havia subestimado o efeito negativo
dos cortes de gastos e do aumento de impostos no crescimento. O Fundo disse que
os esforços globais para reduzir déficits e dívidas podem ter, na verdade,
atingido o crescimento, porque aconteceram muito rapidamente e de uma forma
muito ampla.O relatório do Niesr diz que, em
circunstâncias econômicas menos voláteis, medidas de austeridade levariam a uma
queda na relação dívida/PIB. Porém, os efeitos na UE são intensificados pelo
"efeito de transbordamento", o que significa que a produção econômica
de cada país é reduzida não apenas por seus próprios cortes orçamentários e
elevação de impostos, mas também pelas medidas adotadas em outros países da UE,
em razão de suas ligações comerciais.Na Grécia e em Portugal, os cortes
de gastos acumulativos e aumentos de impostos entre 2011 e 2013 representarão
um montante perto de 10% do PIB de cada país, enquanto na Irlanda vai
representar 8% do PIB. Na França, Itália, Espanha e Reino Unido, as medidas de
austeridade totalizarão entre 5% e 6% da produção econômica. Na Alemanha e na
Áustria, as medias terão impacto menor, representando menos de 1,5% do PIB em
três anos. O Niesr estima que, com exceção da Irlanda, a relação da dívida será
maior em 2013 em cada país da UE por causa das medidas de austeridade.Defensores das medidas de austeridade - particularmente o
ministro de Finanças britânico, George Osborne - argumentam que ter um plano confiável para lidar com endividamento elevado
é benéfico porque dá segurança aos investidores de bônus internacionais, o que
reduz o custo de endividamento dos países. O documento divulgado hoje,
entretanto, alerta pode ser o contrário. "Se permitirmos a realimentação
da relação da dívida do governo com os prêmios cobrados sobre os bônus, isso
vai, na verdade, elevar as taxas de juros, exacerbar os efeitos negativos sobre
a produção e, por sua vez, tornar a relação dívida/PIB ainda pior. É
verdadeiramente uma 'espiral da morte' ", diz o documento.
As informações são da Dow Jones.
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