Dívida pública pelo mundo em 2011 (Clique na imagem para visualizar) |
[*] Adriano Benayon
- 14.08.2013
01.
Estamos diante de mudança qualitativa na situação mundial, tanto no plano
econômico como no político.
02.
Depressão, desemprego crescente, concentração e financeirização absurdamente
elevadas - incompatíveis sequer com o pouco que restava do estado de direito -
têm levado ao Estado totalitário, cujas instituições aplicam meios e armas
tecnológicas, nunca dantes vistas, para desinformar, espionar e reprimir as
pessoas.
03.
Poucos países, como Rússia, China e Irã, não se comportam como capachos do
império anglo americano, sofrendo, por isso, pressões militares, políticas e
constante campanha denigridora, apesar de com ele colaborarem em muitos terrenos
e questões (1). Nem esses se desvencilharam plenamente da oligarquia financeira
anglo americana, absoluta em numerosas nações subjugadas, de todos os
continentes.
04.
Isso, inclusive porque o império logra manter seu sistema financeiro
fraudulento, inclusive o dólar e o euro no grosso das transações mundiais e
constituindo mais de 90% das reservas de divisas (só o dólar, mais de
60%).
05.
Sem a ameaça do poder militar e sem as incríveis manipulações nos “mercados
financeiros” pelos bancos da oligarquia, o dólar teria, de há muito, perdido
toda credibilidade.
06. Essa moeda é emitida em quantidades colossais, mais de vinte trilhões tendo sido passados aos bancos da oligarquia financeira angloamericana e a alguns europeus a ela vinculados, para livrá-los do colapso criado por esses próprios bancos, com a orgia dos derivativos.
07.
A injeção de dinheiro no sistema financeiro oligárquico, por parte dos tesouros
nacionais e dos bancos centrais, através da criação de moeda, levou os tesouros
a se superendividar, e os bancos centrais a exceder os limites toleráveis de
emissões.
08.
Por isso, não haverá como usar o mesmo “remédio” no próximo colapso, que terá
consequências ainda piores que as do anterior, de 2007/2008, inclusive, como já
aconteceu em Chipre, o confisco de haveres dos
depositantes.
09. Desde o anterior, com as empresas produtivas e as pessoas em dificuldades, os bancos quase não emprestaram aos que produzem, e geraram a bolha do dólar e as dos mercados de títulos e de ações.
10.
De fato, os governos títeres fizeram o contrário do que recomenda a ciência
econômica não pautada pela submissão ideológica à oligarquia: deixar falir os
grandes bancos e aplicar recursos financeiros na produção em bases saudáveis,
desmontando carteis e oligopólios e fomentando pequenas e médias empresas, bem
como fortalecendo as estatais e investindo na
infra-estrutura.
11.
O montante dos derivativos não registrados em bolsas (over the counter), que
havia ultrapassado 600 trilhões de dólares no auge da “crise” em 2008, voltou a
fazê-lo em 2011 (dados do Bank for
International Settlements – BIS).
12.
Grande, se não a maior, parte dos derivativos revelou-se podre, por serem
pacotes de obrigações securitizadas, em cuja base estavam instrumentos de
crédito-débito sem condições de serem adimplidos.
13. Os vultosos prejuízos resultantes desencadearam o colapso e deveriam ter causado a falência dos grandes bancos, cujos controladores, executivos e acionistas haviam obtido ganhos bilionários com as fraudes.
14.
A sequela do colapso financeiro foi a depressão e o desemprego nos EUA,
Inglaterra, Japão e na quase totalidade da Europa, com reflexos em todo o
Mundo.
15. Aí entra a desinformação. Nos EUA, os órgãos oficiais falseiam as estatísticas de diversas formas, inclusive superestimando a produção, ao aplicar aos preços deflatores muito inferiores à inflação verdadeira, e subestimando o desemprego.
16.
Mas as pessoas sentem a deterioração de suas condições de vida e protestam.
Diante disso, a oligarquia recorre à repressão policial, reforçando cada vez
mais a natureza totalitária do poder público que controla. É o inelutável
reverso político da medalha econômica e
social.
17.
O Estado policial, a serviço da oligarquia, já estava consolidado antes da
implosão das Torres Gêmeas, em Nova York, e do míssil disparado conta o
Pentágono, em Washington, em 11.09.2001, pois praticar um golpe dessa magnitude,
conseguir ocultá-lo na “investigação”, reprimir os que demonstraram a verdade e
impor à mídia a difusão da mentira oficial, são façanhas só possíveis sob
instituições totalitárias.
18. Esse golpe - vale recordar – foi perpetrado para aterrorizar a população, obter do Congresso mais leis repressoras e “justificar” ações de guerra de grande envergadura, no Oriente Próximo e no Norte e Leste da África, no Afeganistão, Iraque, Líbia, e mais recentemente Síria.
19.
Muita gente imagina que a oligarquia não tem como evitar a depressão e crê que
ela não entende como a política econômica a poderia suprimir.
20.
Entretanto, a recorrência das depressões e a continuidade das guerras demonstram
que elas não são catástrofes naturais, mas, sim, deliberadamente cultivadas,
além de consequência da concentração extrema do poder econômico, causada pelas
políticas públicas comandadas pela oligarquia.
21. A oligarquia tem por objetivo central aprofundar e tornar absoluto seu poder econômico e político. Para isso, nada melhor que tornar pobre a grande maioria dos razoavelmente prósperos e a totalidade dos trabalhadores, que, em situação de vida menos desfavorável, contariam com recursos financeiros e tempo para organizar-se e resistir à concentração do poder e aos desmandos da repressão totalitária.
22.
Um exemplo disso ocorre com os brasileiros, que, se empregados, têm de
desperdiçar cinco horas diárias estressando-se no trânsito. Além disso, o lazer
é arruinado pela anticultura, e pela promoção de vícios e pela destruição de
valores inculcadas pelos meios de comunicação e de entretenimento.
23.
Os moderníssimos e cada vez mais poderosos instrumentos da eletrônica e da
informática são intensamente empregados a serviço disso, como também da
espionagem industrial e a repressiva, causando danos às economias nacionais e à
privacidade e à segurança de cada
indivíduo.
24.
O Brasil, transformado em zona passiva da exploração e da opressão imperiais,
tem o “privilégio” de votar na urna eletrônica menos confiável do Mundo, e agora
seus eleitores vão ser submetidos pela “Justiça” ao cadastramento biométrico,
ficando, assim, expostos a mais abusos contra seus direitos.
25. Por mais absurdo que pareça às mentes sadias, infere-se o objetivo de dizimar a população mundial, por parte da oligarquia instituidora da “nova ordem mundial”. Basta, para isso, ver o que ocorre, há decênios.
26.
Percebe-se mais um “sentido” da depressão econômica: favorecer o aumento da
subnutrição, da má nutrição e das doenças, inclusive através do estresse, fonte
da intoxicação endógena e da perda da imunidade.
27.
O fomento das doenças, além de fonte de lucros das indústrias da “saúde”, faz
“controle demográfico”, complementando o controle da natalidade. Para tanto,
estão aí os transgênicos, agrotóxicos, o lançamento de rastros químicos por
aviões, a gigantesca poluição de produtos como petróleo e seus derivados,
carvão, xisto, os da indústria química e n outros.
28.
Na mesma direção, refrigerantes, fumo, drogas, antibióticos, quimioterapia,
radioterapia e os hormônios, inclusive administrados ao gado e aves. Ademais, a
medicina orientada pelos interesses financeiros da indústria farmacêutica e da
de equipamentos médicos.
(1) O caso emblemático do analista Snowden provocou a fúria dos agentes imperiais, tendo o presidente Putin agido com exemplar firmeza, ao lhe conceder asilo, em contraste com a atitude dúbia da China, que rapidamente o despachou para a Rússia.
[*] Adriano
Benayon -
Consultor em finanças
e em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em
Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso
de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira,
postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México.
Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica e tecnológica.
Depois, Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na
área de economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas
Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no
Brasil). Autor de Globalização
versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São
Paulo.
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