16 de setembro de 2013 | 15:11
O Estado de S. Paulo hoje, numa daquelas matérias de “fontes” anuncia que o “Reajuste da gasolina sai até 21 de outubro”.
A razão? O Governo desejaria “dar um recado” ao mercado, antes do leilão do campo de Libra, marcado para aquela data.
A pergunta é: que recado?
Nenhuma multinacional do petróleo quer explorar Libra com os olhos no consumo brasileiro. Até porque só quem tem refinaria aqui é a Petrobras. O recado, então, não é para elas.
Se o recado for para a Petrobras, a presidenta Dilma liga o telefone e fala com a presidenta da Petrobras, Graça Foster.
O que alguma autoridade do Ministério da Fazenda fez foi usar o Estadão para mandar um recado, sim, mas para o mercado financeiro, que pressiona pelo aumento de olho no lucro das compras que fizeram de ações da Petrobras a algo em torno de R$ 15 (ou menos, no caso das ON) e querem vender perto de R$ 20. E o recado foi: segurem as pontas porque vai ter o reajuste de preços e um resultado melhor no balanço de 2013.
Misturar isso com o leilão de Libra é ilógico, embora para desenvolver o maior prospecto de petróleo do mundo, hoje, a Petrobras tenha mesmo de encontrar um melhor equilíbrio de caixa.
E a gasolina está, hoje, muito mais barata, em valores reais, do que há seis anos atrás. Segundo o levantamento de preços que a ANP faz desde 2006 – quando a gasolina fechou o ano a R$ 2,65 – a variação de preços nao passa de cerca de 10%. Muito menos que a registrada no etanol combustível que, no final de 2006, custava em torno de R$ 1,25 no Sudeste e, até abril deste ano, estivesse acima dos R$ 2 na mesma região.
O que está acontecendo é que o reajuste está sendo sintonizado à entrada de excedente de álcool no mercado, fruto da colheita e moagem de um safra recorde de cana, que está gerando alta em torno de 25% na produçao de etanol, ajudado pelo fato de o preço internacional do açúcar ser o mais baixo dos últimos dois anos.
Isso e, é claro, o “policiamento” das taxas de inflação para que o ano termine com cerca de 6% de IPCA, meio ponto abaixo do teto na meta.
Portanto, a chave para esse reajuste não é, por nada, o leilão de Libra, até porque a parcela variável, neste, será a parcela de óleo que se entregará ao Governo quando da produção, daqui a seis anos, na mais otimista das previsões.
Mas, neste campo das previsões, o que existe mesmo é a certeza de que, nos próximos três meses, vai crescer significativamente a produção brasileira. A entrada em produção de três sistemas importante (FPSO Cidade de Paraty, em Lula Nordeste; a P-63, no campo de Papa-Terra e a recém concluída P-55 (a que você vê na foto), que vai operar no campo de Roncador, em Campos, a partir de dezembro, até meados do primeiro semestre do próximo ano, acrescentarão, juntas, nada menos que 430 mil barris/dia à extração de petróleo no paìs, hone pouco acima dos dois milhões de barris diários.
Esse aumento é certo, tem datas marcadas e valores definidos. O de preços, embora ainda vá acontecer, em parte já aconteceu. Porque a gritaria da mídia fez os postos de combustíveis, espertamente, “repassarem” um “reajuste” que ainda não ocorreu.
Por: Fernando Brito
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