Padilha: "Não há trabalho escravo no Mais Médicos"
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
responde à crítica de que o regime de contratação dos profissionais
cubanos seria análogo à escravidão; "o médico cubano tem vínculo
permanente com o ministério da saúde de lá e participar de missões
externas significa um bônus para ele"; sobre o impacto eleitoral do
programa, ele, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, nega: "é uma
demanda de todos os partidos"
247 - O ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, explicou, mais uma vez, o modelo de contratação de médicos
estrangeiro no âmbito do programa Mais Médicas e rebateu a crítica de
que se trata de um modelo análogo à escravidão, como apontam críticos
que se situam à direita no campo político. Padilha falou às jornalistas
Flávia Foreque e Johanna Nublat, da Folha. Confira os principais pontos:
A chegada dos médicos e a contestação feita pelo Ministério Público do Trabalho
Todas as ações contrárias foram derrotadas. É importante e
positiva a entrada do Ministério Público do Trabalho para não permitir a
banalização do termo "trabalho escravo". Não existe qualquer tipo de
paralelo com trabalho escravo.
Falta de médicos
Nos 25 anos do SUS, nunca o Brasil planejou quantos
médicos queria ter, como distribuir os profissionais. O SUS tem quatro
grandes desafios hoje: financiamento; gestão; ter uma base produtiva de
insumos, vacinas e equipamentos e oferta de profissionais com qualidade.
O médico é o principal nó hoje, por ser o mais valorizado, que demora
mais para se formar, mais especializado e decisivo. Não se faz saúde sem
médico.
Curto e médio prazo
O Mais Médicos tem medidas de curto prazo, porque tem 701
municípios brasileiros para onde nenhum médico quis ir, e tem medidas de
médio prazo, para ampliação das faculdades de medicina, residências e
mudanças na formação do profissional.
Reações da classe médica
Há manifestações legítimas e temos buscado dialogar.
Algumas reações são mais que corporativismo, são incitação à xenofobia,
ao preconceito, colocam em ameaça a saúde da população. Há outras
manifestações que trazem um conteúdo partidário-ideológico que não tem
que ser trazido para o tema da saúde. Estou tranquilo quanto a isso,
porque foi num governo federal do PSDB que se fizeram vários convênios
para trazer médicos cubanos.
Diferenças salariais
O médico estrangeiro que se inscreveu individualmente não
tem emprego garantido depois que sair daqui. O médico cubano tem um
emprego estável, um vínculo permanente com o ministério da Saúde de
Cuba. Participar de missões externas humanitárias como essa significa um
bônus salarial para ele.
Exportação cubana de profissionais
Vários países fazem convênios para sustentar suas
políticas. No caso de Cuba, isso ajuda a manter suas políticas de saúde,
a formar médicos que já serviram a mais de 70 países. Se esse recurso,
além de garantir o atendimento da população brasileira, vai ajudar a
manter a formação de médicos com a qualidade para atender vários países,
isso é uma parceria mais valorosa que outras que servem para vender
armas, minérios.
Impacto eleitoral do programa
Esse programa surgiu de uma demanda de prefeitos de todos
os partidos. Recebeu apoio de governadores de todos os partidos. Só esse
fato desmonta qualquer tese de que é um programa eleitoreiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário