sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Subvertendo a geopolítica internacional 06/12/2013





Marcelo Rech

Em junho, denúncias entregues por Edward Snowden ao jornalista Glenn Greenwald, desnudaram a verdadeira política dos Estados Unidos para com seus aliados e inimigos. As operações de espionagem revelaram a existência de um esquema tecnológico avançadíssimo criado para bisbilhotar países, seus governantes, empresas e mesmo cidadãos comuns.

As revelações colocaram Snowden, refugiado na Rússia, na lista negra do governo norte-americano, além de suscitarem dúvidas em todo o planeta acerca do alcance das operações realizadas pela Agência Nacional de Segurança (NSA), e confirmaram outra máxima muito presente nos desenhos animados: o desejo dos Estados Unidos de dominar o mundo.

Na medida em que o seu desenvolvimento tecnológico não observa limites nem respeita as regras mais básicas das Relações Internacionais, não resta ao mundo outra opção senão acreditar que as pretensões de Washington passam longe da cooperação e do desenvolvimento econômico dos ainda intitulados "países amigos".

O Departamento de Estado em conjunto com os serviços de inteligência são os principais responsáveis por uma política que tem como principal estratégia, a geração de dependência. Há décadas, lançam mão de missionários, voluntários, trabalhadores humanitários e jornalistas, para atingir seus objetivos, quase sempre econômicos e militares.

Além disso, os Estados Unidos são particularmente bem sucedidos na criação de organizações não governamentais de fachada. Em geral, se utilizam de termos persuasivos como "paz", "liberdade" e "democracia" para colocarem em prática, políticas que estão no extremo oposto do que essas palavras traduzem.

São perspicazes quanto ao uso indiscriminado de eufemismos. A pretexto de imporem democracia derrubam governos eleitos e instalam em seus lugares verdadeiros capachos ou líderes autoritários e fundamentalistas dedicados à violação dos direitos humanos e a supressão das liberdades.

As ONGs de fachada muitas vezes não são apenas financiadas pelos serviços de inteligência como têm em seus comandos ex-diretores dessas agências, como é o caso de James Woolsey, ex-manda-chuva da CIA e presidente do Freedom House até 2005.

Por outro lado, os Estados Unidos não toleram a presença de ONGs estrangeiras em seu território.

Nos últimos anos, Washington também aperfeiçoou uma nova forma de subversão da ordem política. Onde seus séquitos são derrotados, as agências de inteligência promovem verdadeiras revoluções por meio de comícios monstros, manifestações e greves. Em alguns países, essas provocações terminam derrubando governos.

Diante dessa máquina cujos tentáculos estão em toda parte, não resta aos cidadãos dos países livres outra opção senão a de identificar esses movimentos por meio de seus líderes, as marionetes terceirizadas para fazer o trabalho sujo.

Marcelo Rech é jornalista, especialista em Relações Internacionais, Estratégias e Políticas de Defesa, Terrorismo e Contrainsurgência, Direitos Humanos nos Conflitos Armados, e diretor do Instituto InfoRel de Relações Internacionais e Defesa. E-mail: inforel@inforel.org



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