Do Terra
Ministro: para crescer, Brasil precisa de mão de obra estrangeira
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da
Presidência da República, Moreira Franco, afirmou nesta terça-feira que,
para compensar a escassez de profissionais qualificados, especialmente
nas áreas técnicas, é necessário facilitar a vinda de estrangeiros
gabaritados para o País.
"Esse é um problema grave. Precisamos de uma sociedade aberta,
amigável, para criar um ambiente de negócios favorável à meritocracia,
ao empreendedorismo e à inovação visando ganhos de produtividade e
inovação", disse Moreira Franco ao ponderar que falta uma política
migratória mais atraente para o estrangeiro qualificado. "Mas também
precisamos ter uma sociedade mentalmente aberta e o debate sobre
política migratória deve passar pelo plano político", destacou o
ministro durante o seminário "Política Migratória Produção e
Desenvolvimento", promovido pela Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-Alemanha na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
(Firjan).
Ele destacou que, nos últimos 100 anos, o Brasil retrocedeu e parou
no tempo ao dificultar a entrada de mão de obra estrangeira. Segundo
ele, apenas 0,3% da população brasileira é composta por imigrantes e um
terço desse total tem mais de 65 anos. Em 1900 o País chegou a ter 7,3%
da população composta por imigrantes. "No passado, muito da nossa
inovação tecnológica e da agricultura deveu-se a esse fluxo migratório."
Ainda segundo o ministro, o Brasil precisaria ter cinco vezes mais
imigrantes para alcançar a média latino-americana, dez vezes mais para
alcançar a média mundial e 50 vezes mais, para chegar aos números da
América do Norte e Oceania.
Além de mecanismos para diminuir a burocracia, Franco propôs também a
modernização do processo de concessão de vistos e criação de tratamento
diferenciado para os imigrantes interessados em trabalhar em alguns
setores mais carentes de profissionais qualificados.
"Sem ampliar a mão de obra qualificada, teremos grandes dificuldades
de conseguir aumentar a produção e estimular a inovação", defendeu, ao
lembrar que o País não está formando profissionais na mesma velocidade
em que cresce a demanda por mão de obra em determinados setores.
O cônsul-geral de Portugal no Rio, Nuno Bello, salientou a
necessidade de se acabar com a burocracia nas universidades e entidades
de classe, responsáveis pelos processos de validação de diplomas e
registros profissionais. "Tenho conversado com empresário aqui e lá em
Portugal e tenho visto uma falta de diálogo dessas instituições com as
estrangeiras."
Para o presidente em exercício da Firjan, Carlos Mariani Bittencourt,
o novo fenômeno da imigração de mão de obra apresenta desafios cruciais
que o País precisa ultrapassar. "Nos últimos dois anos, houve 64% de
aumento de profissionais expatriados no Brasil, sobretudo no setor de
petróleo e gás devido à descoberta do pré-sal. A entrada de estrangeiros
para suprir necessidades eventuais é bem-vinda", declarou Bittencourt,
que disse ainda que o estado do Rio está sofrendo muito com a burocracia
para a concessão de vistos de trabalho para estrangeiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário