terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Reino Unido, Alemanha e EUA aumentam ajuda à França em conflito no Mali 29/01/2013


Norte-americanos negociam cooperação com o Níger; britânicos enviarão tropas de ajuda estratégica

As tropas francesas e africanas que lutam contra milícias no norte do Mali contam com apoio militar crescente de potências ocidentais. Desde o início desta semana, França, Alemanha e Estados Unidos anunciaram mobilizações significativas em apoio à Operação Serval, nome dado pelas Forças Armadas da França à intervenção militar. O conflito, iniciado em 2012 por tropas separatistas malinesas seculares contra o governo, se torna cada vez mais internacional.

O exército França se envolveu diretamente na guerra civil do país africano desde o último dia 11, a pedido do presidente interino do Mali, Dioucounda Traoré, em razão do avanço de grupos insurgentes de orientação islâmica que, após tomarem controle do norte do país, avançavam em direção à capital, Bamako.

Agência Efe (27/01)

Tanque militar francês passa ao lado de um ônibus civil na regiçao central do Mali

O Pentágono, Departamento de Defesa dos Estados Unidos, negocia com o governo do Níger a possibilidade de instalar no país uma base para voos de drones (aeronaves não tripuladas), com o objetivo de monitorar a fronteira e localizar membros da AQMI (Al Qaeda no Magreb Islâmico), um dos grupos islâmicos em combate, que teriam recuado para perto da fronteira, segundo informações do jornal The New Tork Times.

Esses veículos, de acordo com o jornal, seriam modelos Predator ou Reaper que, apesar dos nomes, não estariam armados ao menos na primeira fase da parceria. A operação de monitoramento dos drones mobilizaria cerca de 300 soldados ao Níger. Assim como o Mali, o Níger tem importantes reservas de urânio na região da fronteira entre os dois países.

Na segunda-feira (28/01), EUA e Níger assinaram um acordo bilateral que permite o envio de soldados norte-americanos ao país africano, de acordo com a agência de notícias francesa France Presse. Neste documento, consta um pré-requisito denominado Sofa (Status of Forces Agreement, em inglês), que prevê que toda ação judicial contra um militar dos EUA no país torne-se objeto da justiça norte-americana.

Caso as negociações não progridam com o governo do Níger, a Africom (comando norte-americano encarregado de questões do continente africano) estuda colocar os drones no Burkina Faso, ao sul do Mali.

União Europeia

Nesta terça-feira (29/01), o premiê britânico, David Cameron, afirmou que o Reino Unido está “pronto para correr o risco” de enviar “uma quantidade significativa” de soldados ao Mali. Fontes de segurança britânica afirmaram ao jornal The Guardian que o contingente deverá ser composto por cerca de 240 homens. Esses soldados, no entanto, não irão entrar em combate, mas apenas auxiliar as tropas francesas no treinamento da Afisma (sigla em inglês da Missão Internacional de Apoio ao Mali liderada pela África) – seja em território malinês ou nos países vizinhos – especialmente ex-colônias britânicas como a Nigéria.

Cameron enviou seu conselheiro sobre questões de segurança, Kim Darroch, para Paris, com o objetivo de discutir com os franceses como o Reino Unido poderá ajudar na intervenção militar. No entanto, alguns membros das forças especiais britânicas já se encontram em território malinês a serviço e em auxílio aos franceses.

De acordo com um porta-voz do premiê, a ajuda foi acertada em uma conversa realizada no domingo, por telefone, entre Cameron e Hollande. "O presidente francês forneceu atualizações sobre os progressos obtidos pelas forças malinesas e francesas", disse o porta-voz.

Por sua vez, o governo da Alemanha sinalizou nesta terça (29) que pretende enviar um terceiro avião de transporte militar para Bamako, capital do país. A aeronave seria utilizada no transporte de militares que estão sendo deslocados para o país africano.

Fontes do governo alemão defendem que com o envio de um terceiro avião Transal, modelo utilizado no apoio ao governo africano, as duas aeronaves que já estão no continente poderiam apoiar diariamente a Afisma. Os britânicos também auxiliam tropas francesas e africanas com dois veículos militares de transporte, de modelo RAF C17, além de um veículo de reconhecimento aéreo no Senegal.

Os EUA, por sua vez, ajudam os franceses em transporte e fornecimento de combustível aéreo, além de dividir informações obtidas via satélite na região.

África

Os líderes africanos realizam nesta terça-feira (29) em Adis-Abeba, capital da Etiópia, uma conferência internacional de doadores, que procura arrecadar 450 milhões de dólares em fundos e apoio logístico para a missão militar internacional de apoio ao Mali.

Os fundos serão destinados a financiar o restante da campanha militar.

A arrecadação servirá para treinar soldados da Afisma, devendo ser usada ainda na posterior missão de paz para alcançar a estabilização total do país.

O presidente de Burkina Faso, Blaise Compaoré, principal mediador no conflito malinês, assegurou ontem aos jornalistas que a UA (União Africana) contribuirá com 50 milhões de dólares.

O comissário de Paz e Segurança da UA, Ramtane Lamamra, disse nesta segunda-feira que a reunião deverá somar 20 representantes de países africanos e 17 de parceiros internacionais.

A conferência será presidida pelo novo chefe da UA, o primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, e pelo presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, atual líder da Cedeao (Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental).

Quem está no Mali

Até o momento, Mali, França e os demais países africanos contam com apoio apenas estratégico das grandes potências ocidentais. O Exército malinês contava atualmente, contando forças oficiais e paramilitares, com um contingente de 12 mil soldados. Após perder o controle do norte em 2012 e cidades estratégicas na região central, esse efetivo é desconhecido.

A França conta, até o dia 28 de janeiro, com 3.500 soldados em território malinês, enquanto 4.500 militares trabalham em apoio à Operação Serval. Destes, 1.200 estão em países vizinhos, especialmente no Chade, Burkina Faso, Níger, Senegal e no mar.

A Afisma tem, até o momento, 2.900 homens – sendo 1.400 do Chade, 500 do Niger,350 do Togo, 200 da Nigéria, 150 de Burkina Faso, 100 do Benin e 50 do Senegal.  Os demais são de outros países. No total, os países da região prometem contribuir, no total, com aproximadamente 6.500 soldados.

Além de Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, os países que oferecem ajuda estratégica são: Bélgica, Espanha, Canadá, Rússia e Emirados Árabes Unidos. A Itália estuda participar com o envio de um avião de transporte.
 

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