O ex-presidente Lula disse nesta segunda-feira que a integração da América do Sul passa por um choque de inclusão, e apontou a burocracia e a falta de conhecimento sobre o tema como dois dos principais entraves. Foto - Instituto Lula
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O ex-presidente Lula disse nesta
segunda-feira que a integração da América do Sul passa por um choque de
inclusão, e apontou a burocracia e a falta de conhecimento sobre o tema
como dois dos principais entraves. Lula se encontrou com 36 intelectuais
da América do Sul nesta segunda-feira (21) para discutir caminhos
progressistas para o desenvolvimento e integração do subcontinente.
Participaram do encontro personagens com destaque não só no campo
acadêmico, mas que também já passaram por experiências políticas em
governos progressistas da América do Sul. Estiveram presentes ministros,
senadores e deputados.
Luiz Dulci, ex-ministro e coordenador da
Iniciativa América Latina dentro do Instituto Lula mostrou-se animado
para continuar esse debate, seguindo uma sugestão de do ex-presidente,
levando-o a um circuito de universidades em diversos países. Este foi o
segundo de uma série de encontros que o Instituto Lula promove sobre o
tema. Em agosto do ano passado, houve uma reunião com representantes de
organizações sociais. O próximo acontece com empresários da região.
Diversas intervenções dos intelectuais
coincidiram ao apontar a necessidade de uma ênfase na inovação, na
técnica e na indústria com maior valor agregado. “Brasil e Argentina
vendem juntos dois terços das proteínas do mundo, mas não agregam valor a
esses bens”, disse o economista argentino Bernardo Kosacoff, ex-diretor
da Cepal, lembrando que é necessário aproveitar o enorme mercado
interno da região e “levantar nossa auto-estima”. O senador uruguaio
Alberto Curiel, também enfatizou a necessidade de infraestrutura
produtiva integrada e mais valor agregado aos produtos da região. “Temos
vários desafios que eu não sei como resolver. É preciso falar com
empresários, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com
trabalhadores, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com movimentos
sociais, e o Lula já fez isso…”
As questões da integração da estrutura
produtiva e da necessidade de inovação e do investimento em indústria de
maior valor agregado também foram levantadas por vários participantes
do encontro. A professora Ingrid Sarti, presidente do Fórum
Universitário do Mercosul (FoMerco) comemorou a contribuição que o
Instituto Lula vem dar ao tema. “Como professora, faço parte desse
trabalho árduo de pesquisa, que muitas vezes acaba engavetado. É muito
importante que o Instituto Lula possa ser um motor dessa articulação e
dar algum auxílio à formação de políticas públicas”.
O desejo de ver essa discussão virando
prática não foi só da professora Ingrid. Marcio Pochmmann, presidente da
Fundação Perseu Abramo disse que na América do Sul existem duas
velocidades de integração, a das multinacionais e a dos governos. E
apontou que os governos não seguem a mesma velocidade das
multinacionais, que tem sido muito maior. Pablo Gentilli,
secretário-executivo do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais
(Clacso), pediu uma integração na educação, especialmente na
pós-graduação e destacou a necessidade do compartilhamento em uma rede
aberta de ensino, na internet, de todo conhecimento produzido sobre
integração no continente.
As propostas dos participantes serão
reunidas em um plano de trabalho conjunto que será compartilhado pelo
Instituto Lula com os participantes.
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