A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira que o aumento nas alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros importados é uma proteção ao emprego no Brasil. Em uma fala forte, ela demonstrou que não pretende recuar na medida, que recebeu críticas até mesmo dentro do governo.
"É uma medida a favor do emprego e contra o fato de que nosso mercado interno não será objeto de pirataria de país nenhum", disse nesta manhã em entrevista ao programa "Hoje em Dia", da TV Record.
"Todas as empresas que estão queixando não produziam aqui. Estavam simplesmente montando e usando mecanismos para importar e usar o nosso mercado interno. A indústria automobilística brasileira está intacta", acrescentou.
Ela explicou a medida como uma proteção de "empregos de qualidade". "No seio dessa medida que o governo tomou tem uma questão. Nós estamos protegendo emprego brasileiro. Eu não tenho nenhum compromisso de gerar emprego lá fora, eu fui eleita pelo povo brasileiro, então eu protejo o emprego do povo brasileiro", afirmou.
Dilma disse ainda que tem levado mensagem semelhante aos países que visita. "Eu estive em vários países do mundo [...] Nós não somos um país de quarta categoria ou de terceira categoria, nós gostamos de respeito e damos o respeito. Podem investir aqui sim, serão bem-vindos, protegidos, acolhidos e amados, porque esse povo é muito generoso. Mas venham e produzam aqui, gerem tecnologia aqui."
A elevação do tributo foi anunciada pelo governo federal no dia 15 e publicada no dia seguinte. A alta foi de 30 pontos percentuais nas alíquotas de carros e caminhões que tenham menos de 65% de conteúdo nacional. Antes, o IPI sobre os importados variava de 7% a 25% e, com a medida, passou para 37% a 55%.
MONTADORAS "NACIONAIS"
As montadoras instaladas no país respondem por mais de 75% dos carros importados, mas apenas uma pequena parte desses veículos terá aumento de preço devido à elevação na alíquota de IPI.
Todos os carros trazidos ao Brasil por Fiat, Renault e Nissan vêm do Mercosul ou do México, com os quais o país tem acordos automotivos. Por isso, não haverá impacto da medida governamental para proteger a indústria nacional.
Na GM, que lidera o ranking de importadores, os produtos que vêm de Austrália (Omega), Canadá (Camaro) e Estados Unidos (Malibu) representam menos de 1% das vendas, considerando os emplacamentos no acumulado deste ano até agosto.
Os percentuais também são baixos na Peugeot (3,0%), na Toyota (4,5%) e na Citroën (6,7%).
URUGUAI
Por determinação da presidente, o governo decidiu abrir uma exceção para o Uruguai e carros montados naquele país poderão ser vendidos ao Brasil sem pagar imposto maior.
Em nota divulgada após horas de reunião com integrantes do governo uruguaio nesta semana, o Ministério da Fazenda afirmou que isso será feito "o mais breve possível". Informou ainda que os dois países acordaram integrar suas cadeias de produção para aumentar a quantidade de componentes locais nas montadoras do país vizinho.
A decisão de liberar as importações do Uruguai vai beneficiar montadoras como a Lifan, Chery e Kia, justamente alguns dos alvos do governo brasileiro ao barrar os carros importados no país.
Com a liberação, o aumento do IPI passou a ser criticado por pessoas do próprio governo.O governo não prevê recuar, mas técnicos já avaliam que a exceção aberta ao Uruguai, somada às decisões judiciais suspendendo a cobrança, fazem com que a medida se mostre inócua, já que atingirá poucas empresas e não teria tanto sentido depois da recente alta do dólar.
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