POR THAIS DE LUNA
Os Estados Unidos subiram ontem o tom de
suas críticas à conduta da Rússia na crise da Síria, em especial uma
suspeita de fornecimento de armas para o regime de Bashar Al-Assad,
denunciado pela embaixadora norte- americana nas Nações Unidas, Susan
Rice. Referindo-se à chegada de um navio russo ao país, no fim de
semana, a diplomata ponderou que “não se trata, tecnicamente, de uma
violação das leis internacionais, pois não está em vigor um
embargo”, mas ressaltou sua preocupação, ”já que o governo sírio
continua usando força letal contra a população civil”. A secretária de
Estado Hillary Clinton voltou à carga contra o bloqueio de Moscou
a qualquer resolução que abra as portas a uma intervenção. “Os russos me
disseram que não querem uma guerra civil (na Síria).
Eu lhes disse que sua política contribuirá para (deflagrar) a guerra civil”, disse Clinton a estudantes na Dinamarca.
O impasse no Conselho de Segurança da
ONU, onde Rússia e China mantêm a decisão de vetar qualquer iniciativa
externa em relação ao conflito, levou a Casa Branca a reafirmar o
compromisso do presidente Barack Obama com os organismos multilaterais.
Na véspera, Susan Rice havia sugerido
que, diante da paralisia, “os países-membros e a comunidade
internacional terão apenas a opção de considerar se estão preparados
para tomar ações fora da autoridade do conselho”. O porta-voz de
Obama, Jim Carney, reiterou que o presidente está “horrorizado” com o
massacre de 108 civis na última sexta-feira, em Houla, mas ponderou que
“apesar de seu enorme poder (militar)”, os EUA devem “trabalhar com
os parceiros e aliados” no esforço de conter a matança.
Para o diretor do Departamento de
Relações Internacionais da Universidade do Estado da Flórida, Eric
Wiebelhaus- Brahm, Obama prefere agir no âmbito da ONU, como destacou na
campanha vitoriosa à eleição presidencial de 2008. “O governo poderá
dizer que a Rússia e a China estão obstruindo a ação.
Mas é altamente improvável que os EUA
intervenham unilateralmente no conflito, embora haja uma chance de o
país ajudar os rebeldes”, disse o especialista ao Correio.
Investigação Resultados preliminares de
investigações feitas por observadores da ONU apontaram
“fortes suspeitas” da participação de milícias pró-Assad no massacre
de Houla. Já as autoridades sírias acusam “grupos armados” pelas 108
mortes. De acordo com o general Kassem Jamal Sleimane, chefe da comissão
oficial de inquérito, os executados seriam civis que teriam se recusado
a lutar contra o governo. Militantes da oposição denunciaram
ontem novos bombardeios do Exército sobre a área central da cidade, além
de ataques às localidades de Taldo e Kafarlaha, de onde 90% dos
habitantes teriam fugido.
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