Setor brasileiro tem encomendas até 2020 que somam 100 bilhões de dólares
Por Lilian Milena, do Brasilianas.org
A indústria naval brasileira encontra-se em expansão com 353 obras
encomendadas para serem entregues até 2020, ao custo total estimado de
100 bilhões de dólares, sendo 80 bilhões para a construção de
plataformas, 14 bilhões para embarcações de apoio e 7 bilhões na
fabricação de navios.
A proporção de ‘conteúdo local’ – conceito que define a participação
da indústria nacional nos projetos – chama atenção e aponta para a
consolidação da competitividade das empresas brasileiras desde a
retomada da indústria naval, no final da década de 1990.
Dentre as encomendas mais recentes entregues estão às plataformas de
produção marítima de petróleo P-54 e P-56, com 68% e 73% de conteúdo
local, respectivamente, além do navio Celso Furtado, com 74% de
investimentos nacionais, listado entre as embarcações mais
significativas do mundo, entregues em 2011, pela Royal Institution of
Naval Architects (Rina), de Londres. Os três empreendimentos foram
encomendados pela Petrobras.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas do Setor
Naval e Offshore (Abenav), Augusto Mendonça, a estatal brasileira tem
sido, desde 2004, a principal indutora da indústria naval no país,
sobretudo graças à descoberta do pré-sal.
Durante o 40º Fórum de Debates Brasilianas.org,
realizado em Porto Alegre, Mendonça destacou, entretanto, que os
empreendedores nacionais ainda caminham na curva de aprendizagem para
aumentar o índice de conteúdo local nos novos projetos, em especial para
competir no mercado internacional de fornecimento de embarcações e
estruturas offshore.
Em relação à construção de navios o principal concorrente do Brasil
para competir no mercado exterior é a China, responsável por 50% dos
navios de transporte encomendados no mundo. Enquanto a Coreia é a maior
fabricante de navios de transporte especializado, com alto teor
tecnológico.
Por outro lado, as embarcações mais simples, de apoio, construídas no
Brasil estão sendo vendidas por “preços compatíveis ao benchmarking da
Noruega que é o maior produtor do mundo nesse setor”, destacou Mendonça.
A indústria naval no país respondem por mais de 70 mil empregos
gerados, ou nove mil vagas a mais em relação a dezembro de 2012, sendo
composta por três setores: plataformas e sondas, embarcações
especializadas e construção de navios, concentradas nos estados do Rio
de Janeiro (com 50% das atividades), Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
Pernambuco.
Augusto Mendonça
Para
o secretário-executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Construção
e Reparação Naval e Offshore, Luiz Camacho Leal, também palestrante do
fórum Brasilianas.org, o restabelecimento do setor, que entrou em
decadência no Brasil no final dos anos 1970, só foi possível graças à
postura do governo federal de apoiar a indústria naval.
"A Presidenta Dilma Rousseff, em
reunião com o Sinaval, em março deste ano, no Palácio do Planalto,
reafirmou a decisão estratégica de o Brasil ter capacidade própria de
construção naval para atender a parte da demanda da Petrobras e do
transporte marítimo de longo curso e na costa brasileira", pontuou no
evento.
Segundo Leal o conjunto de investimentos disponibilizados por bancos
públicos nacionais e ofertados pelo programa de aumento e renovação de
frota da Petrobras estão atraindo até mesmo corporações internacionais.
“O Sinaval é visitado por 15 a 20 delegações [estrangeiras] todos os
anos para discutir como trazer essas empresas para o Brasil”, completou.
Segundo Mendonça, da Abenav, para melhorar o grau de inovação entre
empresas brasileiras, a associação enviou comitivas para visitar os
maiores produtores da indústria naval no mundo (Reino Unido, Noruega,
Coreia e Cingapura).
Cabotagem
Navios e barcos estrangeiros dominam o comércio de cabotagem no
Brasil, ou seja, a navegação entre portos marítimos dentro do país. "O
Brasil não tem transporte marítimo. Se em meio a uma guerra outros
países nos boicotassem, ficaríamos isolados", ponderou Sérgio Leal.
De acordo com registro da Abenav, o país gasta cerca de US$ 15
bilhões pagos com fretes em transportes ao longo da sua costa. Dados da
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), de setembro de
2012, apontam que do total de embarcações brasileiras, apenas 11,7%, ou
seja, 150 operam na costa, as transportadoras restantes são
estrangeiras.
Luiz Camacho Leal
Clique aqui para acessar a apresentação de Augusto Mendonça (Abenav);
E aqui, para visualizar a apresentação de Sergio Luiz Camacho Leal (Sinaval).
Nenhum comentário:
Postar um comentário