Cabe à Defesa verificar a possibilidade de as Forças Armadas darem suporte militar às operações das Nações Unidas, bem como levantar os custos associados ao envio das tropas
Foto: EB
Departamento de Operações de Manutenção da Paz das Nações Unidas (DPKO),
atua para aliviar tensões e alcançar uma paz duradoura em regiões de
conflito. Em nove dessas operações de paz, 2.404 brasileiros da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica ajudam a criar condições para que esses
conflitos sejam resolvidos da melhor forma possível: por vias pacíficas.
O Brasil participa das missões de paz da
Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1947, quando observadores
militares brasileiros foram enviados à região dos Bálcãs. Dez anos
depois, em 1957, fez seu primeiro envio de tropas a um país estrangeiro:
a Força de Emergência das Nações Unidas do Batalhão Suez, que teve por
finalidade evitar conflitos entre egípcios e israelenses. Mas foi só
recentemente que o Brasil assumiu tarefas de coordenação e comando
militar de importantes operações, como no Haiti (2004) e no Líbano
(2011), o que trouxe prestígio à política externa do país, aumentando a
projeção brasileira no cenário mundial.
Para que possa integrar forças
internacionais de paz sob a égide das Nações Unidas, o Brasil segue um
rigoroso processo decisório. Formalmente, as relações políticas entre a
ONU e o Estado brasileiro são administradas pelo Ministério das Relações
Exteriores (MRE), a quem compete promover os interesses do país no
exterior. Mas a decisão de aceitar a solicitação para o envio de tropas
envolve também outros importantes atores institucionais brasileiros.
Antes mesmo de formalizar seu convite, a
ONU realiza consulta informal ao país com o qual deseja contar.
Intermediada pelo Itamaraty, essa sondagem é levada à Presidência da
República e a três outros ministérios: Defesa (MD), Fazenda (MF) e
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que analisam diferentes
aspectos da eventual participação brasileira em operações de paz.
Cabe à Defesa verificar a possibilidade
de nossas Forças Armadas darem suporte militar a essas missões, bem como
levantar os custos associados ao envio das tropas. É responsabilidade
do MD também cuidar do preparo (treinamento), mobilização, emprego e
desmobilização dos efetivos brasileiros que participarão das operações,
caso uma decisão nesse sentido seja tomada.
A Fazenda e o Planejamento, por sua vez,
são responsáveis pela análise orçamentária do processo decisório. A
partir dos dados enviados pela Defesa, os dois ministérios estudam a
viabilidade de o Brasil participar dessas missões de paz, já que não há
dotações fixadas para esse fim na Lei Orçamentária Anual, o que demanda a
abertura de créditos extraordinários.
Já o Itamaraty, além de cuidar do diálogo
com a ONU, propõe à Presidência da República as linhas de atuação
diplomática acerca das solicitações de apoio recebidas, tendo em vista
os interesses da segurança e da política externa do país. Como
atividades militares internacionais têm implicações diretas nessa
política, o MRE coordena o grupo que avalia os prós e contras de se
aceitar determinado convite.
Cabe à Presidência da República, por fim,
chancelar os pareceres favoráveis ou não emitidos pelas demais
instituições envolvidas. Somente quando há uma decisão positiva do
presidente é dado início ao processo de consulta formal da ONU.
Recebido o convite das Nações Unidas, a
Defesa e o Itamaraty elaboram uma Exposição de Motivos Interministerial
(EMI) que é encaminhada ao presidente da República. O documento expõe,
de modo sintético, a justificativa para o Brasil aceitar a solicitação
da ONU, do ponto de vista militar, de política externa e financeiro.
Em seguida, o presidente da República encaminha mensagem ao Congresso Nacional, acompanhada da Exposição de Motivos Interministerial, solicitando autorização da Casa para o envio das tropas. Aprovado esse envio, o Congresso Nacional expede um decreto legislativo que regula e autoriza a participação do país na referida operação de paz.
Em seguida, o presidente da República encaminha mensagem ao Congresso Nacional, acompanhada da Exposição de Motivos Interministerial, solicitando autorização da Casa para o envio das tropas. Aprovado esse envio, o Congresso Nacional expede um decreto legislativo que regula e autoriza a participação do país na referida operação de paz.
Esse ritual democrático respalda o longo
histórico de atuação brasileira na ajuda para estabelecer uma paz
sustentável onde há conflito. Ao todo, o país já participou de mais de
30 missões das Nações Unidas, tendo enviado cerca de 27 mil militares ao
exterior.
Atualmente, o país possui tropas e
observadores militares no Sudão do Sul, Sudão, Libéria, Costa do Marfim,
Timor-Leste, Saara Ocidental, Chipre, Haiti e Líbano. Nas duas últimas,
o Brasil ocupa posições de destaque, liderando o componente militar da
Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e o
braço marítimo do comando da Força Interina das Nações Unidas no Líbano
(Unifil).
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