Enviado por Ion de Andrade
Autor: Ion de Andrade
Dizíamos num post anterior que a recuperação da iniciativa política pela esquerda era parte crucial da solução dos desafios postos pelas ruas.
A fala da presidenta Dilma ontem repõe a iniciativa nas mãos da democracia e repõe na defensiva a oposição conservadora.
A proposta de constituinte, que significa empoderar as ruas, recebeu acolhida aterrorizada por parte dos três mosqueteiros da oposição, DEM, PSDB e PPS.
Algumas razões:
1) o movimento não poderá ser contra um processo constituinte que valorizará a sua participação na vida política e será implacável com quem for contrário;
2) o protagonismo do governo demonstra de que lado estão cada força política, a direita contra a participação popular e a esquerda a favor;
3) a conjuntura joga a favor de uma maioria progressista na constituinte da reforma política, provavelmente com grande participação de novos quadros, inclusive saídos dos movimentos recentes, isto devolve o contato do movimento com a vida institucional e com a democracia polítca;
4) o processo de ampliação e de democratização do Estado se acentua mais;
5) tal vitória da cidadania nas ruas coroada por um processo constituinte é a ocasião que faltava para a educação política desta parcela do proletariado brasileiro que emergiu na década petista. O fenômeno acentua a sua familiaridade com o maio de 68 francês o que permite vislumbrar longa influência sobre a política brasileira de cunho democrático e cidadão.
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Ion de Andrade é médico e professor de Epidemiologia e Saúde Coletiva. É autor do livro "A hipótese da Revolução Progressiva".
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