Do Opera Mundi
– Pela primeira vez na democracia espanhola, o número de pessoas que
saem do país supera o número de pessoas que entram. Comparando os
registros de emigração e imigração, a Espanha já perdeu 137.628 pessoas
este ano, segundo estima o INE (Instituto Nacional de Estatísticas). No
total, 420.150 espanhóis e estrangeiros abandonaram o país neste
período.
O INE calcula que a emigração de espanhóis aumentou em 21,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Para Amparo González Ferrer, demógrafa especializada em migrações internacionais do Conselho Superior de Pesquisas Científicas, essa perda de população é crescente e preocupante.
“Não são cifras massivas, mas marcam uma tendência de descenso de entrada de imigrante e saída de espanhóis. Não é um bom presságio: o crescimento demográfico está muito estancado pela via migratória”, analisa. Segundo a demógrafa, esse novo panorama mudará a pirâmide demográfica da Espanha, porque reduz a taxa de fecundidade, e intensificará o envelhecimento da população.
Isso porque os jovens de 25 a 34 anos continuam sendo os que mais se mudam. No entanto, a crise intensificou a emigração de pessoas entre 35 e 44 anos. Deste grupo, as saídas registradas nos consulados espanhóis se multiplicaram por quatro em 2011, dado que poderia seria ainda maior. “Essa cifra subestima o tamanho real da emigração, porque nem todos se registram nos consulados”, pontua.
Segundo o INE, a taxa de desemprego chegou a 25,02% no terceiro trimestre deste ano e é a maior da história do país. Neste cenário, os emigrantes da crise são pessoas bem qualificadas, sem trabalho ou que veem a impossibilidade de consolidar uma carreira.
Destino: Brasil
O novo emigrante espanhol, de 35 a 44 anos, escolhe destinos não-tradicionais como Reino Unido, Brasil e China, que tiveram um maior crescimento entre 2008 e 2011. A entrada desse novo emigrante para o Brasil aumentou em 2,5 vezes desde o início da crise.
A espanhola Irene Atienza, de 30 anos, desembarcou em São Paulo no início deste mês. Escolheu o Brasil para viver e para investir na carreira de cantora. Ela explica que a decisão resultou do mau momento que passa o setor cultural na Espanha e das oportunidades de trabalho que surgiram no Brasil.
[Ana Beatriz Marin viveu sete anos na Espanha e ficou desempregada por quase um ano. Voltou em abril ao Rio de Janeiro]
Vocalista de um grupo formado em Barcelona, “Saravacalé”, que mistura flamenco e ritmos brasileiros, Irene conta que a família a apoiou a emigrar. “Eles sabem que tenho mais possibilidades fora”, diz.
64% dispostos a partir
Seis de cada 10 espanhóis estão dispostos a emigrar em busca de oportunidade de trabalho, segundo enquete realizada pelas redes de emprego Adecco Professional e Infoempleo. Os dois principais motivos são a busca por melhores oportunidades profissionais e a má situação econômica da Espanha.
Mais de 47% dos entrevistados disseram que permaneceriam no país de destino um mínimo de cinco anos e 24% ficariam entre três e cinco anos. Isso indica que os trabalhadores não buscam apenas uma experiência profissional, mas criar um projeto de vida em outro país.
Com foco nesses espanhóis que planejam emigrar, já existem portais que ajudam a preparar o profissional que busca emprego no exterior. É o caso do site “Nosotros emigramos”, criado em março passado. O portal já traduz para o inglês uma média de 100 currículos por mês.
A fundadora, Laura Andina, explica que os potenciais emigrantes que procuram os serviços do site são, por um lado, jovens que acabam de sair da universidade e, por outro, profissionais de cerca de 40 anos de idade e com muita experiência. “A crise é o motor dessa necessidade de sair”, analisa.
Antonio Moya Ferrer, de 57 anos, é desses espanhóis que planeja emigrar. Desempregado há um ano e meio, calcula que durante todo esse tempo já enviou mil currículos e conseguiu apenas uma entrevista de trabalho. “Com a idade que tenho, é mais difícil”, lamenta. O seguro-desemprego de Moya termina em fevereiro e ele pensa em ir para o Brasil ou o Uruguai.
Retorno acelerado
Já propensos à mobilidade, os imigrantes também tem saído em ritmo mais acelerado. Segundo o INE, de janeiro a setembro deste ano, 365.238 imigrantes deixaram a Espanha, 7,6% a mais que no mesmo período de 2011.
Outro fator que contribui para a saída acelerada é a taxa de desemprego da população estrangeira, que chega a 34,84%, um total de 11,5 pontos percentuais a mais que das pessoas de nacionalidade espanhola.
A jornalista brasileira Ana Beatriz Marin, de 38 anos, viveu sete anos na Espanha e ficou desempregada por quase um ano. Voltou em abril ao Rio de Janeiro, onde acredita que tem mais oportunidades de trabalho. “Mas por mais saudade que eu sinta de Barcelona, tomei a decisão correta de voltar, porque o setor audiovisual no Brasil está crescendo”, justifica.
O INE calcula que a emigração de espanhóis aumentou em 21,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Para Amparo González Ferrer, demógrafa especializada em migrações internacionais do Conselho Superior de Pesquisas Científicas, essa perda de população é crescente e preocupante.
“Não são cifras massivas, mas marcam uma tendência de descenso de entrada de imigrante e saída de espanhóis. Não é um bom presságio: o crescimento demográfico está muito estancado pela via migratória”, analisa. Segundo a demógrafa, esse novo panorama mudará a pirâmide demográfica da Espanha, porque reduz a taxa de fecundidade, e intensificará o envelhecimento da população.
Isso porque os jovens de 25 a 34 anos continuam sendo os que mais se mudam. No entanto, a crise intensificou a emigração de pessoas entre 35 e 44 anos. Deste grupo, as saídas registradas nos consulados espanhóis se multiplicaram por quatro em 2011, dado que poderia seria ainda maior. “Essa cifra subestima o tamanho real da emigração, porque nem todos se registram nos consulados”, pontua.
Segundo o INE, a taxa de desemprego chegou a 25,02% no terceiro trimestre deste ano e é a maior da história do país. Neste cenário, os emigrantes da crise são pessoas bem qualificadas, sem trabalho ou que veem a impossibilidade de consolidar uma carreira.
Destino: Brasil
O novo emigrante espanhol, de 35 a 44 anos, escolhe destinos não-tradicionais como Reino Unido, Brasil e China, que tiveram um maior crescimento entre 2008 e 2011. A entrada desse novo emigrante para o Brasil aumentou em 2,5 vezes desde o início da crise.
A espanhola Irene Atienza, de 30 anos, desembarcou em São Paulo no início deste mês. Escolheu o Brasil para viver e para investir na carreira de cantora. Ela explica que a decisão resultou do mau momento que passa o setor cultural na Espanha e das oportunidades de trabalho que surgiram no Brasil.
[Ana Beatriz Marin viveu sete anos na Espanha e ficou desempregada por quase um ano. Voltou em abril ao Rio de Janeiro]
Vocalista de um grupo formado em Barcelona, “Saravacalé”, que mistura flamenco e ritmos brasileiros, Irene conta que a família a apoiou a emigrar. “Eles sabem que tenho mais possibilidades fora”, diz.
64% dispostos a partir
Seis de cada 10 espanhóis estão dispostos a emigrar em busca de oportunidade de trabalho, segundo enquete realizada pelas redes de emprego Adecco Professional e Infoempleo. Os dois principais motivos são a busca por melhores oportunidades profissionais e a má situação econômica da Espanha.
Mais de 47% dos entrevistados disseram que permaneceriam no país de destino um mínimo de cinco anos e 24% ficariam entre três e cinco anos. Isso indica que os trabalhadores não buscam apenas uma experiência profissional, mas criar um projeto de vida em outro país.
Com foco nesses espanhóis que planejam emigrar, já existem portais que ajudam a preparar o profissional que busca emprego no exterior. É o caso do site “Nosotros emigramos”, criado em março passado. O portal já traduz para o inglês uma média de 100 currículos por mês.
A fundadora, Laura Andina, explica que os potenciais emigrantes que procuram os serviços do site são, por um lado, jovens que acabam de sair da universidade e, por outro, profissionais de cerca de 40 anos de idade e com muita experiência. “A crise é o motor dessa necessidade de sair”, analisa.
Antonio Moya Ferrer, de 57 anos, é desses espanhóis que planeja emigrar. Desempregado há um ano e meio, calcula que durante todo esse tempo já enviou mil currículos e conseguiu apenas uma entrevista de trabalho. “Com a idade que tenho, é mais difícil”, lamenta. O seguro-desemprego de Moya termina em fevereiro e ele pensa em ir para o Brasil ou o Uruguai.
Retorno acelerado
Já propensos à mobilidade, os imigrantes também tem saído em ritmo mais acelerado. Segundo o INE, de janeiro a setembro deste ano, 365.238 imigrantes deixaram a Espanha, 7,6% a mais que no mesmo período de 2011.
Outro fator que contribui para a saída acelerada é a taxa de desemprego da população estrangeira, que chega a 34,84%, um total de 11,5 pontos percentuais a mais que das pessoas de nacionalidade espanhola.
A jornalista brasileira Ana Beatriz Marin, de 38 anos, viveu sete anos na Espanha e ficou desempregada por quase um ano. Voltou em abril ao Rio de Janeiro, onde acredita que tem mais oportunidades de trabalho. “Mas por mais saudade que eu sinta de Barcelona, tomei a decisão correta de voltar, porque o setor audiovisual no Brasil está crescendo”, justifica.
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